Médicos surpreendidos com horas extraordinárias após fecho das urgências do Garcia de Orta
Sindicato explica que o trabalho adicional põe em causa a qualidade do trabalho dos médicos nas consultas de rotina.
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O Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS) denuncia que os médicos que têm assegurado as urgências pediátricas em Almada e Seixal, feita em centros de saúde depois do encerramento das urgências no Hospital Garcia de Orta, têm feito horas extraordinárias sem que tenham sido consultados no processo.
A sindicalista Guida da Ponte, em declarações à TSF, explica que esta é uma situação que põe em causa os serviços prestados aos cidadãos. "À medida que os médicos alargam o seu horário, isso logicamente terá consequências a nível dos doentes terem os seus cuidados assistenciais normais", lamenta.
As consultas de rotina, explica a sindicalista, saem afetadas porque os médicos "não vão conseguir fazer o seu trabalho assistencial normal mais o prolongamento de horário", mantendo a produção.
O SMZS deixa ainda o lamento de que o trabalho nos centros de saúde esteja a substituir cuidados pediátricos que deviam ser prestados no hospital. Apesar de o trabalho extraordinário estar previsto nos contratos coletivos de trabalho, o sindicato entende que a ministra da Saúde, Marta Temido, fez mal ao não consultar os médicos.
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"Viram com surpresa esta notícia sem serem consultados. Viram com surpresa serem escalados para estes ditos prolongamentos", explica Guida da Ponte.
Segundo o sindicato, esta situação também "aumenta o descontentamento dos utentes por dificuldade de acesso às consultas com o seu médico de família", lê-se num comunicado.
"A solução arranjada não só mantém o encerramento das urgências pediátricas do Hospital Garcia de Orta, como diminui o acesso da população aos cuidados de saúde primários, já por si tão deficitários nesta região, uma das mais carenciadas em termos de médicos de família", aponta o sindicato.
Por este motivo, a estrutura sindical criticou o Ministério da Saúde por resolver problemas "sem qualquer planeamento de recursos humanos e descurando os cuidados de saúde prestados à população". Na semana passada, aquando do anúncio do encerramento diário, a ministra da Saúde explicou que a decisão tomada "não é a solução ideal", mas que é a que garante "mais segurança" para os utentes.
Na última semana, a ministra da Saúde anunciou que as urgências pediátricas do Hospital Garcia de Orta, em Almada, vão deixar de estar abertas durante a noite, passando a funcionar apenas entre as 8h e as 20h, incluindo aos fins de semana.
Com esta alteração, o Garcia de Orta deixa de ter urgências pediátricas entre as 20h e as 8h em todos os dias da semana. Passa, no entanto, a ter urgências pediátricas ao fim de semana, algo que não existiu nos últimos meses.
No âmbito do alargamento, as unidades de saúde da Amora, no Seixal, e da Rainha Dona Leonor, em Almada, vão passar a funcionar das 8h às 00h, nos dias de semana, e das 10h às 22h, no fim de semana.