Médicos voltam à greve a 1 e 2 de agosto se o Governo não recuar nas propostas
Entre as medidas reivindicadas pela Federação Nacional dos Médicos está redução do horário de trabalho das atuais 40 para 35 horas semanais.
Corpo do artigo
Os médicos voltam à greve a 1 e 2 de agosto se o Governo não recuar nas propostas consideradas "linhas vermelhas" na negociação que está a decorrer, anunciou esta terça-feira a presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fnam).
"Se não houver uma tabela salarial digna e o recuo nas linhas vermelhas que são inaceitáveis, se continuarem intransigentes e com esse radicalismo, faremos greve nos dias 1 e 2 de agosto", disse à Lusa Joana Bordalo e Sá, após mais uma ronda negocial com o Ministério da Saúde.
TSF\audio\2023\07\noticias\11\joana_bordalo_e_sa
Caso se realize esta greve, será a segunda convocada pela Fnam em um mês, depois da paralisação de 5 e 6 de julho, que registou uma adesão de cerca de 90%, de acordo com os números do sindicato.
Segundo a dirigente sindical, no âmbito desta negociação que se iniciou em 2022, a federação reivindica a redução do horário de trabalho das atuais 40 para 35 horas semanais, o aumento transversal do salário para todos os médicos e a manutenção do limite de trabalho extraordinário previsto na lei, que é atualmente de 150 horas anuais.
A proposta do Governo de passar esse limite de horas extraordinárias para 350 horas por ano, no âmbito do novo regime de dedicação plena previsto para os médicos que queiram aderir, é uma "linha vermelha inaceitável", salientou Joana Bordalo e Sá, alegando que em causa está a segurança dos doentes.
"Não podemos abdicar de fazer um ato clínico em segurança", alertou a presidente da Fnam, para quem os "médicos têm de poder descansar depois de fazerem uma noite ou trabalharem ao fim de semana, como qualquer profissional".
De acordo com Joana Bordalo e Sá, na reunião desta terça-feira não foi possível chegar a um acordo de princípios com sobre a valorização das carreiras, mas verificou-se uma "aproximar de posições" em algumas matérias, com o ministério a "admitir, pela primeira vez, a possibilidade" do horário semanal dos médicos voltar às 35 horas.
"Isso é reivindicação da Fnam de há muito tempo, porque os médicos são os únicos profissionais de toda a administração pública a trabalhar 40 horas. Isso implica mais dois meses de trabalho em relação a quem faz 35 horas", alegou.
A presidente da federação de sindicatos adiantou ainda que o Ministério da Saúde ficou agora de apresentar uma terceira versão da sua proposta, incluindo a revisão das grelhas salariais, ficando marcada uma nova reunião para a próxima semana, numa "mesa negocial conjunta" com o Sindicato Independente dos Médicos (SIM).
As negociações começaram formalmente com a equipa do ministro Manuel Pizarro, mas as matérias a negociar foram acordadas com a anterior ministra, Marta Temido, que aceitou incluir a grelha salarial dos médicos do SNS no protocolo negocial.
Em cima da mesa estão as normas particulares de organização e disciplina no trabalho, a valorização dos médicos nos serviços de urgência, a dedicação plena prevista no novo Estatuto do SNS e a revisão das grelhas salariais.