Quercus diz-se satisfeita com as "linhas gerais" do estudo de impacto ambiental. Associação Zero admite avançar com providência cautelar.
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De um lado alguma satisfação, do outro uma ameaça de providência cautelar. Os ambientalistas da Quercus e da Associação Zero têm olhares diferentes sobre as medidas de mitigação do aeroporto do Montijo.
A APA emitiu esta quarta-feira a proposta de Declaração de Impacte Ambiental relativa ao aeroporto do Montijo e respetivas acessibilidades, tendo a decisão sido "favorável condicionada", viabilizando o projeto.
"A DIA é favorável condicionada, viabilizando assim o projeto na vertente ambiental. A DIA inclui um pacote de medidas de minimização e compensação ambiental que ascende a cerca de 48 milhões de euros", refere o comunicado da APA. Entre as principais preocupações ambientais estão a avifauna, ruído e mobilidade.
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Perante as medidas propostas, a Quercus considera que podem, de facto, resolver alguns dos problemas identificados numa zona que é muito sensível. Ainda assim, os ambientalistas garantem que vão continuar muito atentos a este processo e, em especial, à aplicação destas medidas.
"Desde que sejam salvaguardas determinadas questões" que a Quercus trouxe à discussão pública, a organização admite não se opor à obra no Montijo. "Ainda não foi possível à Quercus analisar o documento mas, nas linhas gerais, está mais ou menos de acordo com as questões levantadas", sublinha Paulo do Carmo.
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Se a Quercus não vê entraves ao novo aeroporto, a Associação Zero continua a ser muito crítica do estudo de impacto ambiental. Em declarações à TSF, Carla Graça admite mesmo que pode avançar para o tribunal uma providência cautelar com o objetivo de travar o novo aeroporto.
"O estudo apresenta muitas lacunas, que consideramos bastante graves. As medidas de compensação apontadas não são suficientes, nem há grandes garantias de que venham a ser implementadas", alerta a ambientalista, acrescentando que as "medidas de compensação não apresentam grande compensação".
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A Zero destaca a "perda de habitats, de áreas de alimentação e interferência direta na avifauna". A análise do risco é também um ponto criticado, com Carla Graça a lembrar que "o próprio estudo de impacto ambiental reconhece que não havia informação suficiente para conseguir avaliar, de forma clara, o risco de colisão de aves com aeronaves".
O parecer favorável condicionado da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) ao novo aeroporto no Montijo impõe cerca de 200 condições.