"Medidas serão tomadas contra dirigentes e familiares." Extrema-direita ameaça deputadas e SOS Racismo
A denominada "Nova Ordem de Avis - Resistência Nacional" quer que dez pessoas abandonem Portugal.
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Um grupo de dez pessoas recebeu um e-mail de uma organização de extrema-direita a exigir que abandonassem o país no prazo de 48 horas. Entre os destinatários estão as deputadas do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua e Beatriz Gomes Dias e a deputada não-inscrita Joacine Katar Moreira. O líder do SOS Racismo, Mamadou Ba, também é um dos visados.
O e-mail, a que a TSF teve acesso, dá dois dias aos visados para abandonarem o território nacional. "Informamos que foi atribuído um prazo de 48 horas para os dirigentes antifascistas e anti-racistas incluídos nesta lista, para rescindirem das suas funções políticas e deixarem o território português."
A denominada "Nova Ordem de Avis - Resistência Nacional" ameaça com "medidas contra estes dirigentes e os seus familiares" caso o prazo seja ultrapassado e adianta que "o mês de Agosto será mês da luta contra os traidores da nação".
A ameaça chegou na noite de terça-feira aos dez destinatários, que incluem ainda sindicalistas.
"Sendo o prazo ultrapassado, medidas serão tomadas contra estes dirigentes e os seus familiares, de forma a garantir a segurança do povo português. O mês de Agosto será mês da luta contra os traidores da nação e seus apoiantes. O mês de Agosto será o mês do reerguer nacionalista", escrevem.
Deputadas apresentam queixa, Mamadou Ba já foi ouvido
A TSF sabe que o Bloco de Esquerda deu imediatamente conhecimento das ameaças à Polícia Judiciária (PJ), que já está a investigar o caso. As duas deputadas bloquistas vão apresentar queixa ao Ministério Público.
Em declarações à TSF, Mamadou Ba não tem dúvidas que se trata de uma campanha reiterada por parte da extrema-direita.
"Isto tem que ver com a atuação do deputado André Ventura, que incentiva um discurso de ódio contra o ativismo antirracista. Não é uma surpresa que a extrema-direita violenta se sinta certificada em usar métodos que sempre foram os seus: a coação, chantagem e terrorismo", afirma.
O ativista já foi ouvido pela PJ. Mamadou Ba lembra que as ameaças ocorrem poucas semanas depois da morte de Bruno Candé, assassinado com quatro tiros, em Loures.
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