Medina critica anúncios de votos contra o OE2023 e garante "espírito aberto" para propostas
O ministro das Finanças afirma que "gostaria que os partidos que já se pronunciaram, não se tivessem pronunciado", porque "limita um pouco o campo de trabalho", mas "não é isso que nos vai fazer desistir de procurar as melhores propostas, de onde quer que elas venham".
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Fernando Medina lamenta que alguns partidos políticos já se tenham manifestado contra o Orçamento de Estado para o próximo ano.
O PAN ainda não se expressou, mas PSD, Chega, Iniciativa Liberal, Bloco de Esquerda e PCP já fizeram saber que reprovam a proposta do Governo.
O ministro das Finanças critica a decisão antecipada, mas assegura, a partir de Washington, que mantém o espírito aberto para acolher sugestões da oposição.
"É de lamentar essa posição de voto contra. São esses partidos que, desde já, se põem fora do que seja um diálogo mais intenso com o Governo sobre a aprovação do Orçamento", afirma Fernando Medina, sublinhando que "gostaria que os partidos que já se pronunciaram, não se tivessem pronunciado nesse sentido".
"Creio que limita um pouco o campo do trabalho, mas não é isso que nos vai fazer desistir de procurar as melhores propostas, de onde quer que elas venham. Estamos com espírito aberto para poder avaliar aquilo que cada um tem para propor e para incorporar aquilo que julgarmos que possa ser positivo para o país", acrescenta.
O ministro das Finanças está em Washington para participar nas reuniões anuais do Fundo Monetário Internacional (FMI), que decorrem até domingo.
Na sexta-feira, a secretária do Tesouro norte-americana, Janet Yellen, reuniu-se com os ministros das Finanças do Eurogrupo, encontro no qual Medina esteve presente.
Ainda na sexta-feira, o Departamento Europeu do FMI e a diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva, relizaram um encontro conjunto.
O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, e o secretário-geral da ONU, António Guterres, também estiveram presentes, nesta sexta-feira, na reunião anual do FMI.
De acordo com o ministro português, a guerra da Rússia na Ucrânia tem sido um elemento marcante nestas reuniões, na medida em que estão a ser discutidas formas de desenhar políticas para mitigar os efeitos relativamente à inflação.
"São reuniões muito importantes que nos permitem uma troca de ideias muito profunda, muito atualizada, sobre aquilo que são as perspetivas do lado de cá do Atlântico e do lado europeu sobre os desenvolvimentos, com uma preocupação sobre o desenvolvimento da guerra", disse.
Medina evidenciou ainda uma preocupação grande com os países mais pobres e com as economias em desenvolvimento, que estão a sofrer de forma redobrada os impactos pela escassez de produtos alimentares e pelo aumento das pressões migratórias. Um apelo à unidade entre os dois lados do Atlântico na resposta à ameaça da Rússia a todo o continente.
O ministro português explicou ainda que teve reuniões com estruturas do Banco Mundial que trabalham com projetos a nível da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
"Trabalhámos - através da política da CPLP e de Portugal no âmbito da CPLP, em conjunto com o Banco Mundial -, para encontrar formas de obtermos mais recursos para poder apoiar essas economias em áreas críticas, sejam as áreas ambientais, seja nas áreas económicas, de apoio ao desenvolvimento e fortalecimento da economia. Em múltiplas áreas, Portugal e a CPLP, trabalhando com o Banco Mundial, podem construir melhores soluções", acrescentou.