Medina foge às perguntas sobre a TAP e acusa Mortágua de "estar em treino" para comissão de inquérito
O ministro remete explicações para mais tarde, garantindo que o Governo tomará as decisões necessárias para cumprir a lei.
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Com o projeto de parecer Inspeção-Geral das Finanças (IGF) a detetar irregularidades na indemnização a Alexandra Reis, o tema marcou a audição a Fernando Medina, no Parlamento, embora o ministro tenha evitado responder às questões que os vários deputados lhe deixaram.
Da direita à esquerda, as questões surgiram logo na primeira ronda de perguntas, à exceção do PS, e o ministro das Finanças remeteu para o comunicado que o Governo emitiu no fim de semana: "O relatório será publico e o Governo tomará as decisões necessárias para assegurar o cumprimento da legalidade".
Apesar de a direita questionar o ministro sobre as "capacidades políticas" que reúne para exercer as funções governativas, depois de toda a polémica em torno da indemnização de 500 mil euros paga pela TAP a Alexandra Reis, os deputados de PSD, Chega e Iniciativa Liberal ficaram, consecutivamente, sem resposta.
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O tom aumentou apenas quando Mariana Mortágua tomou a palavra, para colocar questões a Fernando Medina, com a bloquista a insistir nas consequências políticas no Governo, caso a IGF conclua que existiram irregularidades.
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"A senhora deputada não pergunta, não comenta, não discorda. Aliás, revela bem uma ordem de prioridades política", atirou irritado, lamentando que a deputada não se concentre nos "bons resultados" da economia portuguesa, como a descida da inflação e da dívida.
Ora, Mariana Mortágua "fez apenas uma pergunta" e não vê razões para que o ministro "fique arreliado dessa forma", aconselhando Fernando Medina a "dizer apenas que não quer responder".
O ministro, por outro lado, acusa a deputada bloquista de estar "em treino para a comissão de inquérito". "Certamente, nessa altura, encontrará respostas para as suas perguntas", acrescentou.
Mariana Mortágua, no entanto, insistiu e perguntou se o Governo está a ponderar demitir a administração da TAP "caso a IGF confirme as irregularidades na indemnização a Alexandra Reis", o que levou o ministro a responder com um leque de perguntas.
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"Acha que é curial fazer uma pergunta para antecipar ou especular sobre qualquer conclusão? Criando e antecipando o que possam ser conclusões desse relatório? Acha que isso é forma de trabalhar?", retorquiu.
O ministro garante que apenas se pronunciará sobre o relatório depois de receber as conclusões da IGF, que está, nesta altura, a ouvir o contraditório das partes em causa.
De acordo com a SIC Notícias, o projeto de parecer da Inspeção-Geral de Finanças (IGF) identificou irregularidades ao pagamento de 500 mil euros de indemnização a Alexandra Reis por parte da TAP.
O Presidente da República já defendeu que o ministro das Finanças deverá ponderar as consequências das conclusões do relatório, embora afaste "consequências políticas", ou seja, como a demissão de Fernando Medina.
"Se foi pedido pelo senhor ministro das Finanças, o senhor ministro das Finanças terá de ponderar exatamente as consequências do relatório. Vamos esperar para ver", respondeu Marcelo Rebelo de Sousa.