Membro do júri nacional que avaliou procuradores quer conhecer critérios europeus
"Nota interna do Ministério da Justiça sobre José Guerra é uma cavalidade de todo o tamanho", diz Magalhães e Silva, para quem tudo correu bem até ao erro grave dos serviços do Ministério da Justiça.
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Um dos membros do júri nacional que avaliou os candidatos portugueses a procurador europeu defende que é preciso conhecer os critérios usados pelo júri europeu que teve um resultado final completamente diferente.
O júri nacional, composto por cinco pessoas escolhidas entre os membros do Conselho Superior do Ministério Público (CSMP), avaliou com 95 pontos o candidato José Guerra, 92 pontos o candidato João dos Santos e, a uma larga distância, com 81 pontos, Ana Almeida.
No entanto, mais tarde, o júri europeu colocou Ana Almeida no topo como a mais qualificada para o cargo que seria depois atribuído, pelo Governo, a José Guerra, num caso que agora está a levantar grande polémica.
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Magalhães e Silva, membro do júri nacional e membro do CSMP, explica à TSF que a diferença entre os dois resultados é, de facto, grande, mas não consegue perceber as diferenças pois os critérios europeus, ao contrário dos nacionais, são desconhecidos.
"Obviamente que é fundamental conhecer os critérios usados a nível europeu", diz Magalhães e Silva, que admite que está "impressionado com a chancela que é dada ao júri europeu vs júri nacional só porque é um júri europeu".
"Porque carga de água a deliberação de um júri internacional é melhor que a de um júri nacional?", questiona o membro do Conselho Superior do Ministério Público, acrescentando que esta avaliação parece a "parolice nacional".
Para o membro do júri nacional todo o processo de seleção correu bem até à nota interna do Ministério da Justiça com erros que já levaram à saída do diretor-geral da Política da Justiça e que Magalhães e Silva classifica como uma "cavalidade de todo o tamanho".
"Houve incompetência ou má fé dos serviços do Ministério da Justiça quando prestou essa informação que tem erros palmares que não podiam ter sido cometidos por quem estivesse a olhar para o currículo do dr. José Guerra", afirma.
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Sobre as críticas da procuradora Ana Almeida, que esta terça-feira veio dizer que o processo de seleção para a procuradoria europeia põe em causa Estado de Direito, Magalhães e Silva pede à ex-candidata ao cargo que concretize aquilo que quer dizer.
"Isso dito assim são imputações genéricas relativamente às quais se pode dizer isso e o seu contrário. Na linguagem comum é politiquice pura e dura", conclui o membro do júri nacional que avaliou os candidatos portugueses à procuradoria europeia.