Foi projetada em 1958 pelo arquiteto portuense João Andresen, irmão de Sophia de M. Breyner Andresen, e corre o risco de ser demolida. A DGPC arquivou o procedimento de classificação.
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Quase escondida numa rua residencial e sem saída da Foz do Douro e a algumas dezenas de metros do mar, encontramos a Casa Richard Wall. Projetada em 1958 pelo arquiteto portuense João Andresen, irmão de Sophia de Mello Breyner Andresen, é considerada uma casa ímpar, diz José Pedro Tenreiro, do Fórum Cidadania Porto,
"É uma das poucas obras que o arquiteto tem no Porto, deixou pouca obra na cidade e esta é uma das mais importantes. Esta casa é um exemplo da arquitetura popular".
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Desde 2016 que a Direção Geral do Património Cultural tinha em mãos o pedido de classificação do edifício, assinado pela arquiteta Ana Tostões e subscrito por 58 pessoas.
"Houve um pedido de informação prévia para demolir a casa e construir quatro casas geminadas. Perante este pedido um grupo de arquiteto avançou com o pedido de classificação para impedir a demolição".
Mas no dia 30 de maio foi publicado em Diário da República o anúncio do arquivamento do procedimento de classificação e o Fórum Cidadania Porto decidiu pedir ajuda à Câmara Municipal do Porto, para que classifique a casa Richard Wall como Monumento de Interesse Municipal.
No entanto, no dia 18 de junho, em resposta à TSF, a Câmara Municipal do Porto corrobora os argumentos da Direção Geral do Património e Cultura e diz que "não estão cumpridos os pressupostos de uma classificação municipal" e acrescenta: "a inscrição no inventário municipal não representa qualquer proteção do edifício".
Os vizinhos não querem prestar declarações, dizem que são amigos da família Andresen e conhecem os novos proprietários. Compreendem a decisão, mas lamentam que a Casa Richard Wall possa ser demolida.
A demolição é o cenário mais provável e José Pedro Tenreiro não tem dúvidas de que se isto acontecer, a cidade perde mais um pouco da identidade e da memória.
O Fórum Cidadania Porto luta pela preservação das raízes e da identidade da cidade. José Pedro Tenreiro sublinha que não defendem a musealização da cidade.
Atualmente a Casa Richard Wall está fechada, não é habitada; no jardim o pequeno lago está sujo, a relva alta tapa as pedras que traçam o acesso à porta da entrada.