Menos carros nas cidades e mais segurança rodoviária são prioridades para a Semana Europeia da Mobilidade
Para o responsável pela Bolt em Portugal, no topo das prioridades deve estar uma maior interligação entre os diferentes transportes públicos. Já a Associação Nacional de Escolas de Condução Automóvel alerta para a importância de serem definidas mais medidas de segurança rodoviária
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Arranca esta terça-feira a Semana Europeia da Mobilidade. Entre as várias iniciativas marcadas para o primeiro dia está o debate no Técnico Innovation Center, no Saldanha, organizado pela Bolt, que junta representantes do setor público, operadores de transportes e especialistas da indústria.
Mário de Morais, responsável pela Bolt em Portugal, defende que no centro desta discussão devem estar medidas para retirar os carros das cidades e tornar mais simples o uso dos transportes públicos. "O que falta essencialmente é termos uma interoperabilidade entre os vários setores, tanto o transporte público, como o transporte partilhado, que permita às pessoas terem uma mobilidade suave sem terem de estar a trazer os seus carros para dentro das cidades, porque já todos percebemos que esse modelo não funciona e só tira tempo e qualidade de vida a todos nós", sublinha, mostrando-se otimista quanto à disponibilidade das cidades portuguesas para fazer as mudanças necessárias e "repensar a mobilidade".
O responsável pela Bolt em Portugal destaca ainda a segurança que estes transportes representam para as pessoas. "Temos visto, ao longo dos últimos tempos, que os casos de segurança são muito residuais, portanto temos um setor seguro. A Bolt fez um investimento, e continua a fazer, de cerca de 100 milhões, em toda a Europa, para desenvolver novas funcionalidades e melhorar a perceção de segurança. Temos funcionalidades em que se houver uma paragem estranha numa viagem são contactados o motorista e o passageiro e, se nenhum responder, são contactadas as autoridades", explica.
Já a Associação Nacional de Escolas de Condução Automóvel (Anieca) aproveita esta semana para alertar que os governos têm ignorado um dos maiores problemas das estradas portuguesas: a sinistralidade.
"A sinistralidade em Portugal, neste momento, estagnou, mas os números são muito altos e não vemos da parte política uma intervenção. Tem falhado ao longo desses anos, nesta semana da mobilidade esperávamos uma resposta ao cumprimento do programa Visão Zero 2030", afirma António Reis, presidente da Anieca.
O presidente da Associação Nacional de Escolas de Condução acusa o Governo de querer seguir no sentido contrário da segurança rodoviária, ao propor que parte da formação para adquirir a habilitação seja feita através de condução acompanhada por tutores, dispensando os instrutores das escolas.
"Na segurança, efetivamente, temos elementos para assistir a um retrocesso. A preocupação do setor é melhorar a formação, disponibilizar mais profissionais, mas isso não está a acontecer. Temos os exames para instrutores extremamente atrasados, sem realização ainda dos mesmos. Ao mesmo tempo, existe um projeto-lei para permitir uma condução acompanhada por pessoas que não estão habilitadas para o efeito, nem há condições de segurança", destaca.
A Associação Nacional de Escolas de Condução Automóvel espera que, no final da Semana Europeia de Mobilidade, o Governo possa olhar para o ensino de condução "como um parceiro integrante da segurança rodoviária e não como uma outra atividade qualquer comercial".