Como será a campanha eleitoral para as eleições presidenciais em tempo de pandemia? Analistas acreditam que será atípica e as redes sociais poderão ter maior relevância.
Corpo do artigo
Os analistas políticos e de comunicação acreditam que esta não vai ser uma campanha eleitoral clássica. Inês Amaral, professora na Universidade de Coimbra e com uma tese de doutoramento em redes sociais defende que muitas mensagens dos candidatos vão passar pelo digital. "Neste momento já há diferentes posicionamentos que têm vindo a ser feitos nas redes sociais."
A investigadora dá o exemplo da candidata Ana Gomes que "utiliza com grande frequência a plataforma Twitter", ou o candidato André Ventura que "faz uso há bastante tempo das redes sociais" nas diferentes eleições em que tem participado. Também a candidata do Bloco de Esquerda, Marisa Matias faz essa utilização "há bastante tempo".
TSF\audio\2020\11\noticias\25\maria_augusta_casaca_campanha_eleitoral_atipica
"Quero acreditar que não vamos assistir aos grandes jantares nem aos grandes comícios [na campanha presidencial]", diz a professora universitária.
No entanto acredita que o papel dos media tradicionais continuará a ser decisivo e os debates televisivos ganharão mais preponderância do que nunca.
Também Marco Lisi, professor da Universidade Nova no departamento de Estudos Políticos julga que em tempo de pandemia os candidatos não farão grandes jantares, nem muitas iniciativas de rua ou os tradicionais comícios.
"O estado de emergência torna mais difícil realizar esse tipo de iniciativas, por outro lado estamos num tempo de crise económica e social que não facilita a mobilização das pessoas para esses jantares e comícios", considera. O investigador lembra que têm também aparecido novos atores na cena politica que têm apostado muito nos novos meios de comunicação e nas redes sociais, em detrimento das formas de comunicação dos tradicionais partidos políticos.
No entanto, apesar das redes sociais poderem desempenhar um papel primordial nas próximas eleições, Inês Amaral considera que muitos dos candidatos só as utilizam porque sabem que os media tradicionais replicam a mensagem.
E como será com o eventual candidato, Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente dos afetos, numa campanha que se adivinha sem grandes contactos físicos? Inês Amaral considera que o atual Presidente da República tem a seu favor um passado de comunicador nos media tradicionais e isso "será uma grande vantagem em relação aos outros candidatos e candidatas".
De qualquer modo, esta será seguramente uma campanha eleitoral que poderá ser atípica e que pede aos candidatos que se reinventem.