"Mercado não está a responder." MAI reitera dificuldades em reforçar combate a incêndios
Segundo o MAI, faltam quatro helicópteros e dois aviões Canadair para o combate aos incêndios em Portugal. José Luís Carneiro insiste na possibilidade de recorrer ao ajuste direto para a aquisição de mais meios aéreos.
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O ministro da Administração Interna reitera as dificuldades da Força Aérea para encontrar no mercado os meios aéreos necessários para o combate aos incêndios. O Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR) conta a partir desta segunda-feira com menos 11 aeronaves e a Força Aérea já adiantou que vai alugar sete helicópteros por ajuste direto.
José Luís Carneiro reafirma que esse pode ser o caminho, tendo em conta a falta de meios no mercado.
"A Força Aérea portuguesa foi já por duas vezes ao mercado. O mercado não está a responder, ou seja, não há meios disponíveis também por força das circunstâncias da guerra que estamos a viver na Europa. Os meios estão são mais escassos, mas a Força Aérea Portuguesa, que é quem tem a responsabilidade dos procedimentos, está a fazer de tudo o que pode, nomeadamente a avaliação do próprio recurso ao ajuste direto, como já tínhamos admitido, reforçando os meios financeiros para podermos adquirir os meios por essa via e corresponder às melhores previsões dos meios necessários", afirma o ministro da Administração Interna aos jornalistas, em Vila Nova de Gaia.
José Luís Carneiro disse que "não é verdade que existam menos meios" este ano face ao anterior e enumerou os reforços recentes.
"Até hoje estavam a operar 14 meios aéreos e hoje entraram mais 14", referiu. O governante esclarece ainda que estão em falta quatro helicópteros e dois aviões Canadair.
"Em 2021 e 2022 tivemos 60 meios aéreos e, este ano, aquilo que compete ao Ministro da Administração Interna, ao Ministério das Finanças e ao Ministério da Defesa é termos recursos financeiros para podermos ir até aos 72. Mas o mercado está muito difícil para conseguirmos contratar os 72 no mercado, o que significa que o nosso objetivo tem que ser manter os meios que tínhamos em 2022, os 60 meios aéreos, e, se possível, reforçarmos esses meios com meios nacionais e com meios europeus e é nisso que estamos a trabalhar", sublinha.
O ministro insiste ainda no apelo a comportamentos responsáveis: "Os meios aéreos só conseguem ser eficazes, assim como todos os outros recursos, nomeadamente os humanos, se tivermos atitudes e comportamentos de grande responsabilidade."
Os meios de combate aos incêndios rurais vão ser reforçados a partir desta segunda-feira, passando a estar no terreno 10.400 operacionais e 23 meios aéreos, menos 11 do que aqueles que estavam previstos.
O Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR) para este ano foi apresentado em abril e contabilizava 34 meios aéreos para o período de 15 a 31 de maio, mas para hoje, segundo avançou a Força Aérea Portuguesa (FAP) à Lusa, "estão garantidos 23 meios aéreos". A estes vão juntar-se mais nove meios aéreos "assim que cumpridas todas as formalidades administrativas e assinatura dos respetivos contratos", o que totaliza 32.
Os 10.400 operacionais das 2.303 equipas envolvidos no DECIR nas próximas duas semanas são elementos pertencentes aos bombeiros voluntários, Força Especial de Proteção Civil, militares da Guarda Nacional Republicana e elementos do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, nomeadamente sapadores florestais e sapadores bombeiros florestais.
Em relação ao mesmo período do ano passado, estão envolvidos no DECIR mais 770 operacionais, mas menos 14 meios aéreos.
Os meios de combate a incêndios voltam a ser reforçados a 01 de junho, mas é entre julho e setembro, conhecida pela fase mais crítica, o período que mobiliza o maior dispositivo, estando este ano ao dispor 13.891 operacionais de 3.084 equipas e 2.990 viaturas, um aumento de 7,5% em relação a 2022.
O DECIR para este ano prevê ainda, para o período de 01 de junho a 30 de setembro, 72 meios aéreos, mais 12 do que em anos anteriores, mas este número não se conseguiu concretizar nos concursos públicos internacionais lançados duas vezes pela Força Aérea, faltando sete helicópteros, que vão ser adquiridos através de ajuste direto.
Catorze concelhos dos distritos de Faro, Portalegre e Santarém apresentam esta segunda-feira um perigo máximo de incêndio rural, no dia em que se inicia o primeiro reforço, do ano, de meios de combate a fogos.
Em perigo máximo de incêndio estão os concelhos de Lagos, Portimão, Monchique, Silves, Loulé, São Brás de Alportel e Tavira (Faro), Portalegre, Marvão (Portalegre), Chamusca, Constância, Vila Nova da Barquinha, Tomar e Ferreira do Zêzere (Santarém). segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
A enfrentar um perigo muito elevado de incêndio estão cerca de 100 concelhos de Faro, Beja, Lisboa, Coimbra, Leiria, Santarém, Viseu, Portalegre, Castelo Branco, Guarda, Vila Real e Bragança.
Em risco elevado de incêndio estão vários concelhos de todos (18) os distritos de Portugal continental.