Agricultores da região querem que cortes sejam iguais para todos os setores.
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Embora os agricultores considerem que há água para vários anos na região, não é essa a opinião do professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade do Algarve. Nuno Loureiro lembra que o que choveu em março e abril repôs apenas os níveis nas barragens que já se verificavam por esta altura no ano passado. "Estamos dois ou três por cento acima do ano passado", garante.
O investigador afirma que "chegámos à situação crítica, de verdade alarme e profunda preocupação" no final de 2023 e, se agora as albufeiras apresentam o mesmo nível, "vamos chegar no final de setembro novamente a uma situação preocupante".
Nuno Loureiro adianta que os níveis atuais nas albufeiras representa ter água no Algarve apenas para pouco mais de um ano. "Ou menos", preconiza. Com o verão que se aproxima e o número de turistas a aumentar, os consumos serão" acima da sustentabilidade".
Nuno Loureiro compreende as reivindicações da Comissão para a Sustentabilidade Hidroagrícola do Algarve (CSHA), que defende uma atualização dos cortes no consumo de água impostos pelo anterior Governo e afirma que “só aceitará cortes iguais” para todos os setores da região. O anterior governo decidiu cortes de 25% para a agricultura e 15% para o setor urbano e do turismo. No entanto, o investigador lembra que, na última década, o setor agrícola foi o que mais cresceu.
"O aumento dos citrinos e o aumento em força do abacate e com alguma agricultura de estufas, trouxe uma maior pressão sobre o sistema, do que o do setor do turismo ou do consumo doméstico", explica. Por isso, em seu entender, "não se deve aliviar a pressão sobre o setor agrícola, mas é preciso perceber que tem que haver uma equidade entre todos, de forma solidária", acrescenta. De qualquer forma, admite que "as decisões serão complexas", porque muitas explorações agrícolas abastecem-se de furos artesianos que começam também a estar exauridos, e que só 30% dessas explorações vão buscar água às barragens.
No site das Águas do Algarve, a empresa que gere as barragens da região, os últimos dados referentes a meados de abril dizem que a maior barragem do Algarve, a albufeira de Odelouca, está com 46% da sua capacidade, a barragem de Odeleite com 51% e a de Beliche com 43%.