Meta de camas em cuidados continuados falhou em 2020, quase 400 pessoas à espera
Rede Nacional de Cuidados Continuados e Integrados programou 800 novas camas em 2020, ficou pouco acima da metade e a culpa é da pandemia. Atualmente, há 394 pessoas à espera de vaga nos hospitais.
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Não há dúvidas de que a pandemia complicou tudo em 2020 e a Rede Nacional de Cuidados Continuados e Integrados (RNCCI) não foi exceção: a meta de novas camas ficou por cumprir, apesar da elevada necessidade de ampliação da rede. A revelação foi feita pela coordenadora Maria da Purificação Gandra numa audição no parlamento.
"Relativamente às 800 novas camas para 2020, foram calculadas e programadas, mas só foi possível abrir 464. Foi pedido um esforço muito grande às entidades para colaborarem e em plena pandemia não tivemos, como é muito claro, promotores novos a querer entrar num projeto em que não sabiam o que vai acontecer, assim como não sabemos qual é o nosso futuro a curto prazo", sublinha a enfermeira que coordena a rede nacional.
Perante os deputados na comissão eventual de acompanhamento da resposta à pandemia, Purificação Gandra dá conta de que atualmente o número de doentes em hospitais no SNS à espera de vaga é elevado - são 394 - e é justificada com a "situação de surtos e pessoas infetadas dentro da rede". Já o número de utentes em hospitais à espera de resposta social é de 163.
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Ainda assim, Maria da Purificação Gandra vinca que a RNCCI "é uma resposta de saúde, não é uma resposta social". "Não conseguimos, de maneira nenhuma, dar resposta às situações sociais que estão a aguardar uma resposta da sociedade no sentido de permitir uma resposta definitiva", nota.
Sobre as infeções por Covid-19, seja de utentes, seja de profissionais, há claras diferenças em relação aos primeiros seis meses de pandemia. "De março a outubro de 2020, tivemos um pico máximo de 110 doentes infetados e 15 óbitos em 27 unidades", informa a coordenadora traçando a diferença em relação à "subida drástica" nesta última vaga: ao dia de hoje, estão 711 doentes positivos em 117 unidades da rede. Os óbitos são já 120 no total.
No caso dos profissionais de saúde, a coordenadora da RNCCI informa que a testagem tem sido constante, tendo já realizados 48.349 testes dos quais 2.331 estavam positivos. Ao dia de hoje, há 664 profissionais positivos.
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Questionada sobre a vacinação de utentes e profissionais, Maria da Purificação Gandra nota que estão a ultimar a vacinação, apenas restam as unidades onde há surtos e pessoas infetadas e que, por isso, ainda não tiveram luz verde das autoridades de saúde.