Os chefs Rui Paula e Henrique Sá Pessoa revelam à TSF a importância das distinções "num dos anos mais difíceis" do setor.
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A Michelin anuncia esta tarde os restaurantes vencedores de Portugal e Espanha. A cerimónia será virtual, transmitida através da internet a partir de Madrid. Em ano de pandemia, os restaurantes estão a atravessar uma grave crise.
Em declarações à TSF, o chef Rui Paula confessa que, apesar de todas as restrições e da crise do setor, é importante que esta cerimónia se realize. "O Guia dá um sinal de que está vivo. Também é uma forma de ajudar os restaurantes", diz.
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Para o chef Rui Paula, o mais importante nesta altura é a reorganização do negócio e revela que não se revê nos protestos promovidos pelo setor. "Não me revejo nesse tipo de atitudes, não é esse o meu caminho, não me representam com atitudes dessas, não me sinto representado eu e muita gente da restauração", confessa.
Já para Henrique Sá Pessoa, chef que também tem duas estrelas Michelin, diz que faz todo o sentido premiar a alta cozinha. "Quem conseguir somar estrelas, numa altura, talvez das mais difíceis da história da restauração, é sem dúvida um feito", afirma.
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Sobre a crise, Henrique Sá Pessoa confessa que tem aproveitado a incerteza dos dias "para se reinventar." "Senti que estava a fazer muitas coisas, sinto que se calhar não há necessidade de se fazer tanto, é mais importante para mim passar mais tempo com a minha filha, com os meus amigos ou até mesmo comigo próprio", assume.
A realização da cerimónia em formato virtual deve-se às restrições impostas pela pandemia de Covid-19, que também fizeram atrasar em algumas semanas o lançamento do guia, normalmente lançado em novembro, e que chegará esta terça-feira às bancas.
De acordo com a agência de notícias espanhola Efe, que cita fonte da Michelin, na edição do próximo ano há um aumento "razoável" de restaurantes distinguidos com duas estrelas ('cozinha excecional, merece o desvio') e um crescimento "alto" de uma estrela ('cozinha de grande nível, compensa parar').
Além disso, será atribuída uma nova distinção, a estrela verde, que premeia os restaurantes pela sua sustentabilidade.
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Também haverá perdas de estrelas, a maioria por encerramentos, e "uns poucos" por baixa dos padrões exigidos pelos inspetores da Michelin.
Na edição de 2020, Portugal conta com sete restaurantes com duas estrelas e 20 com uma estrela.
É esperada a perda da estrela que detinha o restaurante 'São Gabriel' (Almancil, Algarve), que fechou portas em novembro passado, após ter sido vendido.
Em abril, Gwendal Poullenec, diretor internacional do Guia Michelin, editado em 32 países, assegurou que os inspetores teriam um critério "flexível e realista" na avaliação dos restaurantes em contexto de pandemia, que afetou duramente o setor da restauração.
*Com Lusa