Micro, pequenas e médias empresas em Portugal estimam receber 0,1% do apoio de Bruxelas
Jorge Pisco explica à TSF que a Portugal deverão chegar apenas 3400 dos 3,4 mil milhões de euros, uma vez que o apoio de Bruxelas "aplica-se às empresas exportadoras".
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Uma pequena migalha para Portugal. Pelas contas da Confederação Portuguesa de Micro, Pequenas e Médias Empresas relativamente às medidas de apoio apresentadas, esta terça-feira, pela Comissão Europeia, só vão chegar a Portugal 0,1% dos 3,4 mil milhões de euros da poupança com a tributação simplificada.
Jorge Pisco, presidente da Confederação Portuguesa de Micro, Pequenas e Médias Empresas, adianta que não vão chegar a Portugal mais de 3400 euros, porque estas medidas são destinadas às empresas exportadoras.
"Começa por dizer-se que isto aplica-se ao tecido empresarial europeu. São 24.000.000 de empresas, mas na realidade isto aplica-se às empresas exportadoras", sublinha Jorge Pisco. Em Portugal, há 1,3 milhões de Micro, Pequenas e Médias Empresas, mas aquelas que exportam para a União Europeia, segundo os dados do INE referentes a julho deste ano, são apenas 37.023, ou seja, pouco mais de 37 mil empresas portuguesas "poderão vir a beneficiar deste apoio".
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Outra medida apresentada pela Comissão Europeia passa por impor um prazo máximo de 30 dias nos pagamentos para se acabar com os atrasos, uma iniciativa que a Confederação Portuguesa de Micro, Pequenas e Médias Empresas espera há muito tempo.
"As micro e pequenas empresas necessitam que os pagamentos sejam feitos a tempo e horas. Há anos que lutamos para os 30 dias", refere Jorge Pisco.
"Defendemos a concretização de um regime de conta corrente entre as micro, pequenas e médias empresas e o Estado que está previsto em lei. Ou seja, vamos muito mais além do que aquilo que está nestes 30 dias, porque consideramos que as empresas precisam de ter condições de estabilidade económica e financeira para poderem prosseguir as suas atividades", sublinha.
A Comissão Europeia vai esta terça-feira propor uma tributação simplificada para pequenas e médias empresas (PME), permitindo-lhes poupar 3,4 mil milhões de euros por ano, querendo ainda acabar com atrasos nos pagamentos, impondo um prazo de até 30 dias.
Num contexto de incerteza por contido crescimento económico, de consequências da guerra da Ucrânia e de apertada política monetária que limita o acesso ao financiamento, o executivo comunitário avança com um pacote de medidas para "apoiar a resiliência das PME, ajudando-as a consolidar a sua recuperação e a maximizar o seu potencial", dada a "persistência de adversidades" na União Europeia (UE).
As novas regras destinam-se especialmente às empresas transfronteiriças que, atualmente, são confrontadas com a complexidade e os elevados custos de conformidade por terem de respeitar diferentes sistemas de tributação das sociedades quando exercem a sua atividade em mais do que um Estado-membro.