Aos 64 anos, o ator veste a pele do seu primeiro velho: "Estou a gostar muito de fazer", afiança Miguel Guilherme, sobre Léo, o velho pugilista agora internado num lar. É esse o cenário da peça encenada por João Lourenço, a partir do texto de Lutz Hübner, um dos autores vivos mais representados na Alemanha. De quarta a domingo, Léo e Jó-Jó (Gonçalo Almeida) tomam o público de assalto. E ficam até janeiro.
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Talvez o velho Léo "ainda em construção" venha a juntar-se a uma meia dúzia de personagens que o ator guarda numa galeria pessoal "de personagens que fez bem". Não há angústia nesta coisa de ser o seu primeiro papel de velho "o que é bom no teatro é que há papéis para todas as idades".
"E eu não estou velho e relho, mas já tenho alguma idade." Aos 64 anos, Miguel Guilherme interpreta um velho pugilista, internado numa ala isolada dum lar, por ser considerado perigoso, e vê-se forçado a partilhar o espaço com um jovem condenado pelo tribunal a cumprir serviço comunitário.
Da marginalidade latente ao conflito intergeracional, o encontro tem tudo para dar errado "um de 22 anos e outro de 70, podem falar e gastar palavras, mas dificilmente se entendem". Será outro o desfecho "aquelas duas pessoas conseguem de facto gostar um do outro, foi um encontro feliz e salvam-se um ao outro."
Em entrevista à TSF, Miguel Guilherme fala dos desafios que habitam neste personagem, do milagre do teatro, da cultura, da cabeça e do coração. E lá mais para o final, surge à memória um certo cenário, para um ator na reforma.
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"O Coração de um Pugilista" estreou em outubro e permanecerá em cena até janeiro. De quarta a domingo na Sala Vermelha do Teatro Aberto em Lisboa.
Com encenação de João Lourenço e dramaturgia de Vera San Payo de Lemos, a peça conta com interpretações de Bárbara Vagaroso, Gonçalo Almeida e Miguel Guilherme.
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