O ministro da Administração Interna anunciou que pediu a demissão por considerar que a sua autoridade enquanto governante ficou diminuída com o envolvimento de pessoas que lhe são próximas nas investigações da Operação "Labirinto". Miguel Macedo será substituído «em breve».
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Miguel Macedo afirma que se demitiu para «defender o Governo, a autoridade do Estado e a credibilidade das instituições». Com a polémica das ligações do ministro a alguns dos arguidos do caso dos vistos "gold" Miguel Macedo considerou que a sua autoridade «ficou politicamente diminuída" acrescentando que «um ministro, nesta pasta, não pode ver a sua autoridade diminuída».
O ministro garantiu que não é «responsável por nada do que está a ser investigado» no âmbito deste caso, mas o Ministério da Administração Interna precisa de um «governante sempre forte para exercer as suas funções» algo que Miguel Macedo considerou que já não é a sua imagem.
Segundo a Procuradoria Geral da República, o ministro nunca foi visado no âmbito da operação "labirinto" mas Miguel Macedo não resistiu às pressões políticas que pediam a sua cabeça.
Antes o ministro já havia falado com Passos Coelho, pedindo para sair do Governo, mas, nessa altura, o primeiro ministro não aceitou. Agora, com Macedo a alegar desconforto e desgaste pessoal com o processo, o primeiro ministro acedeu ao pedido do ministro da Administração Interna.
Esta demissão surge três dias depois de a Polícia Judiciária ter detido 11 pessoas suspeitas de corrupção, branqueamento de capitais, tráfico de influência e peculato, relacionados com a atribuição de vistos 'gold'.
Algumas dessas pessoas têm ligações muito próximas a Miguel Macedo mas essa não é a única razão pela qual têm sido apontados dedos ao ministro da Administração Interna. Miguel Macedo é também sócio, numa empresa de consultoria de Maria Antónia Anes, secretária-geral do Ministério da Justiça e também uma das detidas no âmbito do escândalo com os vistos dourados.
A demissão de Miguel Macedo já foi comunicada ao Presidente da República e «em breve será substituído» no cargo da Administração Interna, disse à agência Lusa fonte oficial do gabinete do primeiro-ministro.