Associação Nacional de Sargentos alerta que a realocação de militares pode passar a ideia de que "há militares a mais".
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O presidente da Associação Nacional de Sargentos (ANS) defende que as Forças Armadas estão a ser vítimas de uma "guerra de vaidades" no âmbito do combate à pandemia de Covid-19. Com a mobilização de militares para a realização de ações como inquéritos epidemiológicos ou rastreio de contactos de doentes, o presidente da ANS, Lima Coelho, alerta que a adaptação a estas funções está a deixar a descoberto outros problemas.
"Há situações em que já há dificuldade em ter militares para o cumprimento do serviço regular das escalas normais de serviço", uma situação que afeta os três ramos das Forças Armadas, garante Lima Coelho à TSF.
"Isto não pode ser uma guerra de vaidades, as forças armadas não são um emprego, são um serviço", sublinha o líder da Associação Nacional de Sargentos, que recusa assistir a uma "utilização" dos militares para "boa ou má imagem destes ou aqueles agentes, sejam eles políticos ou militares.
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Questionado sobre quem tem responsabilidades sobre o problema, o presidente da ANS considera são as dimensões "política e militar". Apesar dos problemas criados, nota, nenhum militar recusa cumprir as missões relacionadas com a Covid-19. Mas começam a notar-se outros problemas.
De momento, a maior preocupação surge porque as Forças Armadas "estão muito abaixo dos efetivos necessários para o cumprimento de todas as missões".
"Contudo, há sempre a disponibilidade, por parte da nossa tutela e das nossas chefias, para mais militares e para mais missões", algo que "pode passar a ideia profundamente errada de que há militares a mais".
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Lima Coelho sublinha que esta ideia não corresponde à verdade porque "cada vez que os militares são retirados de um sítio para cumprir outra missão, algo fica por fazer".
A ANS quer que o que se está a passar "fique clarificado", dizendo aos portugueses "como é que isto é possível e o que é que fica por fazer ou não é cumprido".