A ministra da Administração Interna admitiu a possibilidade de instaurar um inquérito ao incêndio de Pedrógão Grande, mas para tal necessita de obter todos os dados sobre aquilo que se passou.
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A Ministra da Administração Interna admite que o Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP) esteve "intermitente" durante uma fase do fogo de Pedrógão Grande.
Numa entrevista à RTP3, a Ministra da Administração Interna explicou: "a informação preliminar que tenho, mas foi pedido um relatório circunstanciado, que amanhã (quinta-feira) estará concluído, é que não houve uma falha total. Houve intermitências porque a fibra ótica foi destruída pelo incêndio mas foram colocadas às 20h00 redes móveis satélite para assegurar a rede SIRESP".
Apesar desta afirmação, quando questionada se a rede SIRESP esteve cortada durante nove horas, Constança Urbano de Sousa diz "não ter informação que esta rede tenha estado cortada"
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Nesta entrevista a ministra confessa ter sido este "o momento mais difícil da sua vida" e não pensa em "demitir-se perante as dificuldades", isso "teria sido covarde da minha parte", sublinha.
Inquérito é uma possibilidade
"É algo que não estou a excluir neste momento. Preciso de ter dados sobre a atuação da GNR e da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) e de ter indícios que me permitam fazer um inquérito", disse Constança Urbana de Sousa.
Constança Urbano de Sousa adiantou que, neste momento, ainda não dispõe "daquilo que se chama a fita do tempo porque o teatro de operações ainda não terminou".
Segundo a ministra, a fita do tempo vai dizer "quem é que fez o quê e a que horas".
"Essa fita do tempo fecha-se no momento que este incidente terminar e eu não excluo que possa haver um inquérito", afirmou, sublinhando que necessita de saber o que aconteceu ao nível local e nacional.
"Preciso de dados que ainda não disponho. Neste momento, ainda estou muito concentrada em acabar com este incendio", sustentou, considerando que se justifica "uma investigação independente", que pode ser feita por uma comissão parlamentar.
A ministra disse também que a GNR já instaurado um inquérito interno para apurar a questão porque não foi encerrada a estrada Estada Nacional (EN) 236-1, apelidada agora de "estrada da morte" e onde morreram várias pessoas encurraladas pelas chamas entre Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos.
Para a governante, a explicação dada pela GNR ao primeiro-ministro já é "alguma coisa", mas o inquérito interno "terá que ser mais conclusivo".
Na entrevista, Constança Urbano de Sousa disse que alerta de prontidão da ANPC tem que ser "avaliado de uma forma mais aprofundada" e admitiu que possa ter "havido uma subvalorização da avaliação" das condições meteorológicas.