Ministra da Justiça atribui notícias de erros e falhas no Citius a interesses instalados
A ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, recusou hoje que faltem processos na plataforma Citius e defendeu que notícias sobre a ausência de processos continuarão a ser divulgadas porque a reforma da Justiça tocou «em interesses».
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«Vamos continuar a ter notícias sobre isto todos os dias, não tenho dúvidas nenhumas, porque ao reformar e ao fazermos as reformas que fizemos e as outras que se avizinham, tocámos em interesses. Aliás, estranhava já que não tivesse sido aproveitado nenhum outro pretexto», afirmou Paula Teixeira da Cruz.
A ministra enumerou uma série de notícias sobre a ausência de processos na plataforma informática Citius e recusou que faltem quaisquer processos.
«Não faltam processos no Citius, o que estava na versão dois [da plataforma do Citius] está na versão três», disse, numa intervenção nas jornadas parlamentares conjuntas do PSD e CDS-PP, na Sala do Senado, na Assembleia da República.
Para a ministra, estas notícias são divulgadas porque «quem reforma toca em interesses, cria condições para o fim da impunidade».
«Isto está à vista de toda a gente: cria condições para o fim da impunidade, tem que apanhar, obviamente, mesmo que as mentiras tenham que ser ditas todos os dias e desmentidas todos os dias pelos próprios operadores judiciários. Viu-se a posição dos conselhos superiores, viu-se a posição dos magistrados do ministério público, viu-se a posição dos próprios solicitadores», argumentou.
«Fui muito bem recebida no congresso dos solicitadores, se eles tivessem sem poder trabalhar e parados, eu teria sido bem recebida? Mas não, é preciso dizer todos os dias, todos os dias, primeiro faltam 3,5 [milhões de processos], depois faltam 1,2 [milhões de processos], depois são desmentidos, não sei amanhã quantos é que vão faltar, falha-me a imaginação. O que eu quero deixar claro é que vamos continuar a ter notícias destas», sustentou.
Ainda sobre a alegada ausência de processos, a ministra sublinhou que "não podia faltar nada" porque foram feitos «dois 'backups' de tudo».
Paula Teixeira da Cruz disse já ter o relatório sobre «o que terá sucedido durante o tempo em que a plataforma do Citius apresentou deficiências profundíssimas», que "será reencaminhado para as instâncias próprias".
«Houve sempre um acompanhamento, aquilo que aconteceu a 01 de setembro não era de todo previsível, não só era previsível como não era expectável, como tinham sido feitos testes», concluiu.
A edição de hoje do jornal I, revela que o documento sobre o que terá provocado os problemas informáticos já foi entregue à tutela e está a ser visto com profunda preocupação.
O I garante que em causa estão indícios de que as chefias intermédias omitiram informações importantes durante o processo de adaptação da plataforma à nova organização judiciária.