Ministra diz que preparação do inverno nas urgências avançará "daqui a duas semanas". Bastonário pede "plano estratégico de verão"
A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, garante que o plano de verão "já foi feito"
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A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, afirmou, este sábado, que o plano de verão está feito, mas os constrangimentos nas urgências acabam por acontecer por vários fatores e garante, por outro lado, que, em breve, será dado início à preparação do plano de inverno.
"O plano de verão já foi feito. No fundo, estamos a falar das escalas de urgência, o mapa é feito para três meses, até ao final de setembro, mas como sabem, temos menos recursos humanos do que aquilo que precisaríamos. Por outro lado, também é uma altura em que os profissionais têm férias e também temos mais gente em Portugal, temos mais turistas, temos mais gente a precisar de nós", explicou, sublinhando que "temos de aproveitar agora o início da preparação do plano de inverno". "Daqui a duas semanas, contamos começar essa preparação", adiantou.
"O novo diretor-executivo começará já essa preparação com os hospitais e com os responsáveis da saúde para tentarmos organizar o mais possível as urgências, de uma maneira que permita minimizar os constrangimentos até já para o inverno", referiu.
No entanto, em declarações à TSF, o bastonário da Ordem dos Médicos considera que o plano estratégico de verão ainda nem sequer foi apresentado.
"O grande desafio, neste momento, do meu ponto de vista, do Ministério da Saúde é, mais do que apresentar um mapa, apresentar um plano para evitar que essas falhas aconteçam. Eu vejo muito mal que a partir da próxima semana não haja um plano estratégico para o verão, precisamente para conseguir dar resposta a estas situações de maior dificuldade. Aquilo que é necessário para o funcionamento do Serviço Nacional de Saúde é um plano estratégico para este verão, que infelizmente ainda não apareceu. Já devia ter sido apresentado, aliás, há vários meses, desde o início do ano para os serviços se poderem preparar", explicou à TSF Carlos Cortes.
"A verdade é que nós já estamos no período do calor, no período onde há maior concentração de pessoas devido aos agrupamentos, dos festivais, das festas, com maior probabilidade de circulação de determinadas doenças. Nós sabemos que os casos de Covid-19 têm aumentado muito nestas últimas semanas, sabemos que há mais necessidades nestas alturas de as pessoas recorrerem aos serviços de urgência, portanto, é absolutamente imperativo, rapidamente, nós temos um plano para este verão", alertou.
Carlos Cortes disse que o Ministério da Saúde faz bem em atualizar diariamente a informação que consta dos mapas dos hospitais e saudou o facto de ter sido atendida a transparência para que todos tenham acesso à informação.
"A Ordem dos Médicos já tinha pedido que a informação das urgências e das várias valências de cada uma das urgências estar aberta ou fechada tinha de ser uma informação fornecida publicamente para os doentes, para que as pessoas que pretendem dirigir-se a um serviço de urgência tenham essa informação, saibam que serviço de urgência está aberto para não irem para um hospital e terem depois de serem encaminhados para outro hospital. Isso é importante", reforçou.
O bastonário deixa ainda uma sugestão ao Governo para que não haja qualquer confusão quando os portugueses tenham de se dirigir a uma urgência.
"O documento da escala dos hospitais apresentado no site do Ministério da Saúde é um documento PDF que pode ser descarregado e eu acho que isso pode levar a erros, porque as pessoas vão descarregar o mapa, que é o mapa de uma semana, se ele é atualizado diariamente, depois a informação que as pessoas vão ter desse mapa, e que inclusivamente pode andar a circular, é uma informação que não vai estar atualizada. Portanto, o que eu sugiro é que o Ministério da Saúde, em primeiro lugar, coloque a informação exclusivamente no site, para as pessoas poderem dirigir-se ao site e ter essa informação e, depois, quanto mais ela for reduzida, melhor. Uma pessoa que necessita de ir à urgência não programa a sua ida à urgência para daqui a cinco dias, nós precisamos de ter uma informação atualizada e bem, segundo a senhora ministra, diariamente, portanto, a informação que, do meu ponto de vista, faz sentido fornecer é a informação do dia ou também do dia seguinte", acrescentou.
O Ministério da Saúde garantiu este sábado que os mapas que indicam quais as urgências de Ginecologia/Obstetrícia abertos em Portugal continental estão a ser atualizados "pelo menos uma vez por dia" e que o SNS24/INEM é atualizado "ao minuto".
Contactada pela agência Lusa, fonte do gabinete da ministra Ana Paula Martins admitiu que entre as atualizações possam existir "omissões", mas garantiu que "os mapas são atualizados pelo menos uma vez por dia, enquanto o SNS24/INEM é atualizado ao minuto".
Segundo a mesma fonte, em Portugal continental estão este sábado 90 serviços de urgência abertos. Fechados estão sete e com constrangimentos nove.
Este sábado, Ana Paula Martins está a visitar serviços de urgência da região de Lisboa e Vale do Tejo, num périplo que teve início no Hospital S. Bernardo, em Setúbal.
Lá, em declarações à SIC, a ministra da Saúde admitiu que o sistema de mapas possa conter "alguns erros", mas procurou transmitir uma mensagem de tranquilidade.
"De facto, o sistema ainda não está a funcionar totalmente de forma adequada e tivemos erros ontem [sexta-feira]. Estão a ser feitos testes. Espero que na próxima semana os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde consigam ter esta informação, que é dinâmica, cada vez mais perfeita", disse Ana Paula Martins.
Questionada sobre erros no mapa detetados este sábado, a governante apontou que foram detetadas situações apenas na península de Setúbal.
"Admito que possam existir outros, temos de estar sempre a avaliar enquanto não tivermos o sistema otimizado", concluiu.