Após o ministro da Defesa ter admitido intervir depois da conclusão dos inquéritos que decorrem à morte de um militar num curso de Comandos, o Exército informou que os novos cursos estão suspensos.
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O anúncio da suspensão dos novos cursos - o primeiro está previsto para janeiro - chegou aos ouvidos do ministro da Defesa ao final da manhã. O Chefe do Estado Maior do Exército explicou a Azeredo Lopes que até estar concluído o "inquérito técnico especial" sobre a forma como são treinados os comandos, esses novos cursos "estão suspensos".
Estão suspensos os próximos, mas mantém-se o atual.
O porta-voz do Exército, o tenente-coronel Vicente Pereira explicou à TSF que aquilo que está suspenso são os cursos que se seguem e não aquele que está a decorrer, e durante o qual um jovem militar morreu e outros tiveram de ser hospitalizados.
Em Londres, onde está para participar numa reunião, o ministro dizia esta manhã estar a acompanhar "com muita preocupação" os incidentes registados durante os treinos do curso de Comandos, que registou a morte no domingo e o internamento hospitalar durante a semana de pelo menos mais quatro militares.
"Estou acompanhar [a situação] com muita preocupação", afirmava o ministro, referindo não só a vítima mortal como "outros incidentes num número que é objetivamente elevado".
Além do inquérito instaurado pelo chefe do Estado-Maior do Exército, a Procuradoria-Geral da República também abriu uma investigação, decisão que Azeredo Lopes acolheu com "serenidade".
"Acho que é importante que possa haver vários olhares sobre a mesma realidade", defendeu.
Mesmo aceitando que as forças especiais como os Comandos envolvam treinos mais intensos, o ministro entende que deve acompanhar o caso.
"Não impede o responsável político, neste caso o ministro, de estar muito atento para verificar se, com esse grau de exigência que pressupõe o facto de tratar-se de forças desta natureza, se todos os procedimentos foram cumpridos e não se levou longe demais esse esforço", justificou.
Azeredo Lopes garante que só intervirá após a divulgação das conclusões dos dois inquéritos.
"A partir disso, será possível a quem tem responsabilidade política e exerce a sua autoridade na Defesa Nacional, de poder tomar as decisões que resultem das conclusões das diferentes abordagens", acrescentou.
O ministro da Defesa já tinha manifestado na segunda-feira "profundo pesar" pela morte de um militar do curso de Comandos em Alcochete, tendo transmitido à família do soldado a sua "solidariedade pessoal e do Governo neste momento de dor e sofrimento".
Na altura, o Exército esclareceu que apesar da morte de um militar e de um outro ter ficado ferido no domingo, os treinos iam continuar, embora adaptados ao tempo quente.
Os incidentes ocorreram ambos na região de Alcochete, no distrito de Setúbal, embora em locais diferentes, sendo que o incidente do militar que veio a falecer ocorreu pelas 15:40.
Sobre os militares hospitalizados, o Exército informou ao final da manhã que o soldado que está internado no Hospital Curry Cabral apresenta "uma melhoria progressiva do ponto de vista global" mas "mantém comprometimento da função hepática". O comunicado sublinha ainda que se encontra "em lista de espera para eventual processo de transplante hepático". Outro militar, que está numa Unidade de Tratamentos Intensivos, mantém-se "estável, sem agravamento clínico e analítico". Há outros dois que aguardam a alta ainda hoje.