Ministro da Defesa garante: "Não há divergências sobre as nossas Forças Armadas"
O trabalho dos militares portugueses é "muito apreciado" dentro e fora de portas. A garantia foi deixada pelo ministro da Defesa, depois de um périplo por África que a TSF acompanhou.
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O ministro da Defesa Nacional sublinha que os partidos com assento parlamentar não têm dúvidas sobre o papel das Forças Armadas e rejeita a ideia de que os Governos de esquerda sejam avessos às políticas de soberania.
"Ao longo dos últimos anos, no âmbito das forças políticas representadas na Assembleia da República, tem sido criado um consenso muito alargado sobre aquilo que é importante para as nossas Forças Armadas. Registo com grande satisfação que, quando estou em diálogo com a Assembleia da República, não há divergências de fundo sobre as nossas Forças Armadas", sublinha João Gomes Cravinho, no final de uma visita relâmpago a vários contingentes portugueses em África, uma viagem que a TSF acompanhou.
Mas, no entender do ministro da Defesa, o apreço pelas Forças Armadas vai além do plano partidário. "O trabalho que têm realizado no combate à pandemia de Covid-19 merece um consenso grande por parte dos portugueses. Portanto, não reconheço qualquer tipo de dificuldade em relação à forma como este Governo tem desempenhado o seu trabalho nas áreas de soberania, em particular na Defesa Nacional", assegurou, no final de dois dias de visita às missões militares na República Centro Africana, em São Tomé e Príncipe e no Mali.
De resto, o ministro da Defesa sublinha que o consenso em torno das tropas portuguesas estende-se também aos Governos destes países africanos. "Em todos os casos, senti que os nossos militares estão muito motivados e são muitíssimo apreciados pelas autoridades dos diversos países em que agora estive. Os militares portugueses fazem toda a diferença," sublinha João Gomes Cravinho.
Contas feitas, o balanço, desta viagem de dois dias ao continente africano é "extremamente positivo". "Enquanto ministro da Defesa, sinto-me muito orgulhoso e satisfeito por um trabalho que é feito com sacrifício, mas com muito empenho, muita disponibilidade e com resultados francamente positivos", concluiu à TSF o governante, já na pista do aeroporto sob o sol abrasador de Bamaco, acompanhado pelo chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, almirante António Silva Ribeiro.
Antes, o ministro visitou o contingente português estacionado no aeroporto de Bamaco e agradeceu o trabalho feito pelos 76 militares portugueses envolvidos em missões de treino e apoio logístico. "Portugal quer ver o Mali estabilizado, porque é uma peça chave para toda a região do Sahel", declarou durante o almoço de Natal com o contingente da Força Aérea.
Mas João Gomes Cravinho considera que esta é uma missão fundamental também para a segurança dos europeus: "A instabilidade neste país fomenta a exportação do terrorismo para outras partes do continente africano e para a própria Europa. Não podemos aceitar que esta região, que é vasta, seja controlada por terroristas, porque as consequências não serão apenas para a população desta região. Haverá consequências também para todos nós na Europa."
Já depois de reunir com o homólogo maliano, Sadio Camara, João Gomes Cravinho reconheceu que a situação no país é complexa, mas ainda assim mostra-se confiante no trabalho das tropas portuguesas: "Os nossos militares estão plenamente preparados para as condições difíceis que existem no Mali e têm todos os protocolos de segurança para desempenharem as suas missões. Este contingente militar, que estava cá quando, em agosto, se deu o golpe de estado, tem sido elogiado pelas Nações Unidas e pela União Europeia e tem assistido a um certo recrudescimento de atividades terroristas em diversas partes do país, mas cumprem todos os protocolos de segurança".
Desde a queda do Presidente Keita, o Mali tem em funções um Governo provisório. O titular da defesa espera que a situação não se arraste no tempo. "O atual Presidente é um Presidente de transição e, como tal, não se poderá candidatar às eleições que terão de ser realizadas nos próximos 18 meses. Queremos que as autoridades deste país façam a sua parte ao aderir àquilo que está estabelecido no plano internacional para o regresso à democracia", concluiu João Gomes Cravinho.