Azeredo Lopes foi questionado pelo deputado do PSD Pedro Roque, na comissão parlamentar de Defesa.
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O ministro da Defesa Nacional manifestou-se "muito contente" com as conclusões da inspeção ao Colégio Militar e reafirmou que teria feito "essencialmente o mesmo", após críticas do PSD à forma como geriu o processo, numa audição no parlamento.
"Eu teria feito essencialmente o mesmo", afirmou Azeredo Lopes após questionado pelo deputado do PSD Pedro Roque, na comissão parlamentar de Defesa, onde foi ouvido sobre a política para o setor.
Para o PSD, as conclusões do relatório da inspeção realizada ao Colégio Militar no início de maio demonstram que foi feito "tanto barulho por nada", já que o relatório refere que não foram detetadas evidências de situações discriminatórias.
"O politicamente correto aqui levou à demissão do CEME, que lamentamos", afirmou Pedro Roque.
Perante as críticas do deputado, que considerou que a forma como o ministro geriu a situação teve como consequência a demissão do Chefe do Estado-Maior do Exército [Carlos Jerónimo], Azeredo Lopes disse: "não vou dizer perdoa-me nem vou assumir pecado".
Segundo Azeredo Lopes, o que estava em causa não era haver ou não haver discriminação no Colégio Militar mas terem existido declarações públicas que indiciavam essa possibilidade.
O governante disse ter ficado "muitíssimo contente" que não tenham sido verificadas situações discriminatórias mas também "muito contente" por o Chefe do Estado-Maior do Exército, Rovisco Duarte, ter "declarado que vai proceder à revisão das normas regulamentares" do Colégio Militar" de forma preventiva e muito moderna".
"Não acho que tenha sido muito trabalho para nada porque houve a adoção de comportamentos", afirmou.
A inspeção realizada ao Colégio Militar não detetou situações de discriminação mas o Exército decidiu criar um grupo de trabalho para rever os regulamentos internos visando minimizar os riscos, segundo um comunicado hoje divulgado.
O Exército prevê "reforçar medidas de deteção por parte dos responsáveis pedagógicos de quaisquer situações de discriminação e de comportamentos que possam indiciar práticas de `bullying".
Em paralelo, o Chefe do Estado-Maior do Exército, Rovisco Duarte, decidiu designar um grupo de trabalho para "proceder à revisão dos regulamentos internos no sentido de reforçar a mitigação de eventuais riscos que possam conduzir a qualquer forma de discriminação ou que possam colidir com outros valores centrais definidos na Lei e na Constituição da República Portuguesa".
A inspeção ao Colégio Militar realizou-se no início de maio e incluiu a avaliação de "eventuais situações de discriminação de diferentes naturezas entre a população estudantil".
No passado dia 01 de abril, o jornal 'online' Observador publicou uma reportagem em que o subdiretor do Colégio Militar assumia a existência, entre alunos, de situações de exclusão em função da orientação sexual.
O subdiretor do Colégio Militar, tenente-coronel António Grilo, afirmou: "Nas situações de afetos [homossexuais], obviamente não podemos fazer transferência de escola. Falamos com o encarregado de educação para que perceba que o filho acabou de perder espaço de convivência interna e a partir daí vai ter grandes dificuldades de relacionamento com os pares. Porque é o que se verifica. São excluídos".
Estas declarações suscitaram polémica e levaram o ministro da Defesa a pedir, interna e publicamente, esclarecimentos ao Chefe do Estado-Maior do Exército, que dias depois se demitiu.
A demissão do ex-CEME (Carlos Jerónimo) suscitou por outro lado reações de solidariedade por parte de oficiais na reserva, que condenaram a atitude do ministro Azeredo Lopes.
A inspeção ao Colégio Militar, que segundo o Exército já estava programada antes das polémicas declarações do subdiretor, incluiu a avaliação de "eventuais situações de discriminação de diferentes naturezas entre a população estudantil".