No arranque do novo ano letivo, o ministro da Educação desvalorizar a falta de professores nas escolas, considerando que se trata de um problema "global".
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O ministro da Educação, João Costa, espera que este seja "um ano letivo mais tranquilo, mais sereno" do que período escolar do passado, marcado por sucessivas greves e protestos de professores.
Questionando se está preocupado com eventuais greves que prejudiquem o arranque do ano letivo, à margem do VIII Encontro Internacional sobre Inovação Pedagógica, esta quarta-feira na Maia, João Costa disse esperar que este seja um ano diferente tendo em conta as "muitas medidas" desenvolvidas pelo Governo no último ano e a abertura para continuar a negociar.
"O Ministério da Educação desencadeou processos negociais e nunca recusou nenhum pedido de reunião por parte dos sindicatos. Foram muitos, muitos e muitos os momentos de encontro e foram também muitas as aproximações a posições que foram apresentadas pelas organizações sindicais (...) A nossa disponibilidade continua a ser a mesma", assegurou.
Além disso, argumenta, "em todas as profissões há razões de protesto, causas de queixa e de insatisfação".
O ministro voltou a desvalorizar a falta de professores no arranque do novo ano letivo, considerando que se trata de um problema "global".
"É um problema que não é apenas português, é um problema global neste momento. E que tem várias correlações e várias explicações", como "questões de carreira, questões motivacionais, questões da existência de mais empregos em algumas áreas em que o ensino era maioritariamente a saída profissional", aponta.
João Costa considera que a principal dificuldade, no caso português, é captar novos profissionais para a carreira docente.
"O problema que temos é o facto de não termos tido formação de professores durante alguns anos, porque, até as notícias diziam todos os anos [que havia] não sei quantos professores no desemprego, portanto, os jovens pensavam 'não vale a pena estudar para ser professor porque não vou ter emprego'", quando "não era uma preocupação tão realista como às vezes se apregoava".
Desde que surgiram alertas para a falta de professores, existe "um sinal bastante positivo" que aponta para "uma procura muito maior e crescente" de jovens que pretendem seguir esta carreira profissional, destaca o ministro da Educação.
"Nos cursos de educação básica, nas escolas superiores de educação, tivemos nestes dois anos um aumento de 45% dos alunos inscritos, nos mestrados em ensino temos mais candidatos do que houve na última década, e neste momento estamos a trabalhar com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior para reforçar a capacidade formativa das universidades."
Serão precisos mais de 30 mil novos professores até 2030, aponta João Costa, reforçando o compromisso do Governo em resolver o problema e mostrar aos jovens que ser professor "uma profissão com futuro".
"Estamos também a desenvolver medidas para reduzir a precariedade, os tempos até à estabilização na carreira, reduzir as distâncias, a introdução de novos níveis remuneratórios para quem começa a carreira enquanto é professor contratado", garante.