Ministro da Educação garante que está a tentar "arrumar uma casa desarrumada há muito tempo"
No Parlamento, o ministro João Costa ouviu os partidos a criticar o atual estado da escola pública em Portugal.
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Depois de um ano letivo marcado por forte instabilidade, o ministro da Educação afirma que está a tentar arrumar uma casa desarrumada há muito tempo. Pelo contrário, os partidos dizem que foi o PS que desarrumou a casa nos últimos anos.
Num debate proposto pela Iniciativa Liberal - sob o mote "Este país não é para jovens" -, foi o presidente do partido liberal quem abriu o plenário, onde atacou o atual estado da escola pública, que, afirma, tem levado as famílias a preferirem inscrever os filhos no privado. "Em 2021, 24,3% do ensino secundário frequentava escolas da rede privada, contra 21,5% em 2020. É um crescimento de três pontos percentuais de um ano para o outro", disse Rui Rocha.
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Logo a seguir, o presidente da Iniciativa Liberal ouviu o ministro a corrigir os dados. "São apenas 8% que frequentam o ensino privado, os senhores estão a incluir a rede pública profissional completamente financiada pelo Estado."
O ministro João Costa garante que Portugal é um país para jovens e que a redução do abandono escolar é prova disso. "Nas próximas décadas, já não seremos aquele país em que 65% da população não tinha concluído o ensino secundário."
À direita, André Ventura não se convence com o otimismo do ministro, explicando que o mérito não é das políticas do Governo. "É verdade que Portugal reduziu o abandono escolar, como também reduziu a Letónia, Espanha, a Bélgica, o Chipre, como reduziram todos os países da UE."
Já o PSD defende que não basta diminuir o abandono escolar. "E a qualidade do ensino?", perguntou a deputada social-democrata Inês Barroso. O ministro respondeu com um desafio: "Peguem nos exames nacionais que estão a ser feitos nesta altura e tentem resolvê-los com o conhecimento que tinham quando saíram da escola secundária e talvez percebam que, se calhar, o ensino está bem mais exigente do que era no nosso tempo", atirou.
Do lado do Bloco de Esquerda, a deputada Joana Mortágua questiona João Costa se o Governo está a estudar um apoio "em transportes e habitação" para os professores que se encontram deslocados. O objetivo, sublinha a bloquista, é que os docentes "não tenham que pagar para dar aulas."
Na resposta, João Costa garante que o Governo está a trabalhar para "arrumar uma casa com décadas de dessarumação" em matéria de recrutamento e colocação. Mas o liberal Rui Rocha lembra quem tem estado a "dessarumar a casa". "Temos um primeiro-ministro que é primeiro-ministro há oito anos, e um ministro que já era secretário de Estado quando esse primeiro-ministro iniciou funções", frisou, apontando que o "falhanço da escola pública" é "a cara" de Costa, o primeiro-ministro, e de Costa, o antigo secretário de Estado e atual ministro da Educação.
Já o PCP, pediu soluções para o problema da falta de professores - e, quando se ouviram vozes nas bancadas da direita a associar os comunistas às políticas do Governo socialista, o deputado Manuel Loff não hesitou na resposta: "A "Geringonça"? Onde isso já lá vai!".
Notícia atualizada às 15h53