Matos Fernandes justifica a 25.ª posição de Portugal no ranking climático com o facto de serem "dados de 2017". Presidente da Cimeira do Clima pede soluções para todo o mundo.
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O ministro do Ambiente desvalorizou esta terça-feira em Madrid a queda de Portugal no 'índice de desempenho das alterações climáticas' divulgado na COP25, considerando que "são dados de 2017", um ano em que houve uma grande seca.
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"Todos nós sabemos já há muito tempo que, para as emissões de 2017, Portugal teve um ano mau", disse João Pedro Matos Fernandes num encontro com os jornalistas portugueses à margem de uma reunião da Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (COP25).
O responsável governamental explicou que esse "foi o ano dos incêndios, mas, sobretudo, foi o ano da seca", porque os incêndios são um "fenómeno invulgar" que não são contabilizados como todas as outras emissões.
O 'índice de desempenho das alterações climáticas' (CCPI) publicado pela Germanwatch, o Instituto NewClimate, e a Climate Action Network International é publicado anualmente e avalia a execução na proteção ambiental em 56 países e a União Europeia, responsáveis por mais de 90% das emissões de gazes de efeito de estufa.
Segundo o relatório para 2020, desse índice Portugal está em 25.º lugar, tendo caído oito posições em relação ao anterior, e baixa do grupo de países com uma "posição alta" para o de "desempenho médio".
"O desempenho do país diminuiu em quase todas as categorias, com exceção da Política Climática, onde o país continua a ser classificado como alto", conclui o relatório, que reconhece que, "em 2017, o país foi atingido por graves incêndios florestais e, como resultado de sucessivos anos de secas, as centrais hidroelétricas estão a ficar sem água, levando a um aumento na utilização de centrais que funcionam com combustíveis fósseis".
"Tenho a certeza absoluta de que no próximo ano os dados vão ser muito diferentes", garantiu Matos Fernandes, acrescentando que o país vai "voltar a ter o lugar destacado" que tinha até agora.
Presidente da cimeira refere que o mundo espera soluções
A presidente da Cimeira do Clima (COP25), a chilena Carolina Schmidt, advertiu esta terça-feira que o mundo está "a olhar" para o encontro, que negoceia pontos essenciais do Acordo de Paris e espera "soluções concretas".
Schmidt falava durante a inauguração do painel de alto nível da cimeira em que participam ministros e presidentes e no qual os países darão o último impulso nas negociações para aplicar o Acordo de Paris, consensualizado em 2015.
"O mundo está a olhar e espera soluções concretas da nossa parte, a crise climática é uma realidade e os cidadãos do mundo inteiro sabem-no, estão a vivê-la agora. Cada medida que tomamos é um passo de esperança, o planeta precisa de nós unidos e mais comprometidos do que nunca", declarou.
A ministra do Meio Ambiente do Chile, que preside a esta cimeira, reafirmou a urgência de entender que "só juntos" os países podem "fazer frente ao maior desafio comum" que enfrentam.
"Convido-vos a serem parte da solução, desta mudança de rumo para tornar real a esperança de um planeta melhor, porque hoje é tempo de atuar", sublinhou a presidente.
Desde que Schmidt recebeu a presidência da Cimeira na semana passada, tem insistido que o país dirige este encontro em representação da América Latina e do Caribe, países em desenvolvimento que enfrentam "urgências ambientais, sociais e económicas diferentes das dos países desenvolvidos".
"Vimos com a voz de 50 milhões de cidadãos da nossa região, de comunidades inteiras que estão a sofrer severamente os efeitos da mudança do clima, as secas, as inundações (...), que estão a assolar os nossos territórios e a nossa gente", lamentou.
A ministra recordou que os efeitos das alterações climáticas "afetam com maior força as comunidades vulneráveis" e "multiplicam as iniquidades preexistentes", pelo que a sua presidência estará centrada "numa ação climática justa".
"É a voz da esperança que trazemos a esta COP para que nos permita alterar o rumo", assegurou.