Edite Estrela espera que a palavra "mitigar" usada por Vítor Gaspar signifique um alívio da carga fiscal. António Perez Metelo lembrou que quando se tenta reduzir o défice «há sempre alguém que tem de pagar isso».
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A linguista Edite Estrela lembrou que a palavra "mitigar", usada pelo ministro Vítor Gaspar significa, de acordo com os dicionários «aliviar, atenuar, abrandar».
«O verbo mitigar e o substantivo mitigação são muito usados no que diz respeito às alterações climáticas, onde a palavra é usada para descrever o processo que visa reduzir a emissão de gases com efeitos de estufa para a atmosfera», explicou.
«Espero que este mitigar de que fala o senhor ministro signifique aliviar a carga fiscal dos portugueses que já não aguentam mais sacrifícios e que já ultrapassaram o que é suportável do ponto de vista da carga fiscal», acrescentou.
Para Edite Estrela, «mitigar tem sempre uma conotação positiva, porque é no sentido de aliviar», mas, no caso da carga fiscal, a eurodeputada espera que «não signifique o aliviar para uns e uma penalização para outros».
«Isso não seria mitigar em termos da sociedade no seu todo», acrescentou a linguista, que não tem grandes esperanças neste alívio, dado que se o objetivo fosse fazê-lo isso já teria sido concretizado.
Pelo contrário, «temos verificado que cada conferência de imprensa ou cada anúncio público representa uma maior sobrecarga de impostos para a classe média, pensionistas, para os que trabalham por conta de outrem, que são sempre os mais sacrificados, porque não podem fugir aos impostos».
Por seu lado, o comentador António Perez Metelo lembrou que quando se tenta reduzir o défice «há sempre alguém que tem de pagar isso» e que o mitigar para alguns significará um «agravamento adicional para outros».
Este economista disse que se se reduzisse a sobretaxa de quatro para três por cento haveria um «grupo específico a que é retirado algum direito, algum subsídio ou emprego, como é o caso dos funcionários públicos».
Perez Metelo entende ainda que há uma «luta política muito importante dentro do Governo e da coligação para minimizar tanto quanto possível os efeitos devastadores para os contribuintes e economia portuguesa de um brutal agravamento de impostos».