Na opinião do antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, a pretensão de derrubar o Governo português «revela imaturidade democrática».
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O socialista Luís Amado considerou que a moção de censura do PS foi uma «cedência da direção do PS a vozes críticas de fora e dentro do PS que entendem que o Governo está esgotado e tem de cair».
«Revela imaturidade democrática», frisou o ex-governante, que lembrou que mesmo com a popularidade de alguns governos europeus num ponto mais baixo que o da coligação em Portugal «não se vê ninguém a pedir a queda do Governo».
Para este ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, «é bom que o Governo cumpra o seu mandato», apesar de admitir que o Executivo de Passos Coelho está no «final de uma fase e de um período e tem de reorientar a sua atividade política».
Luís Amado admitiu ainda que uma remodelação do Governo poderá ser uma saída, até porque há um partido da coligação, numa referência ao CDS, que pede «publicamente» essa remodelação.
«Isso não representa, no meu ponto de vista, uma quebra da legitimidade do Governo. Pelo contrário, é uma condição para que a legislatura possa prolongar-se e atingir o seu fim», explicou.
Este antigo chefe da diplomacia portuguesa considerou ainda que esta moção não passa de um «movimento de algum oportunismo tático» e compreende-a «à luz das dinâmicas que vêm marcando a vida interna do PS, antecipando até um congresso».
«Não a compreendo como um ato de rutura tão dramática com aquela que se pretende imprimir a esta moção e sobretudo como uma inevitabilidade a curto prazo do Governo cair», concluiu.