Montenegro quer clarificar se PS vai "ultrapassar linhas vermelhas" em coligações futuras
Líder social-democrata devolve ao PS a pergunta que tantas vezes lhe foi feita (e que nunca foi respondida de forma clara): como serão futuras coligações políticas? Na Madeira, desafia Costa a redobrar esforços eleitorais apesar de estar confiante, "mas não triunfalista", em relação a uma maioria absoluta.
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A conta de quantas vezes Luís Montenegro foi questionado sobre eventuais coligações futuras à direita já se perdeu há muito, mas agora o líder social-democrata, que nunca foi totalmente claro sobre esse cenário, inverte a questão: o que fará o PS no futuro quanto a forças "anti-Europa, anti-euro e anti-NATO"?
O discurso já algumas vezes tinha sido ensaiado, mas sobretudo quando questionado, desta vez surge dentro de um discurso na Madeira. Primeiro, a farpa: "Nós não somos o partido que aceita passar as linhas vermelhas e andar de braço dado com aqueles que são anti-Europa, anti-euro e anti-NATO. Esses não fazem parte daquilo que são os princípios do PSD".
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Depois, a clarificação que quer ver respondida: "É caso para daqui perguntar ao PS se continua, como parece continuar, disposto a ultrapassar essas linhas vermelhas e a troco da sua sobrevivência política, nem que seja futura, tornar a estar coligado como esteve com forças que são anti-Europa, anti-NATO e uma delas até pró-Rússia".
Considerando que "isso é que importa aos portugueses para definirmos o que é o projeto de cada um", o líder social-democrata devolve ao PS como já havia ensaiado na última entrevista que deu na SIC onde garantiu que "na altura em que houver eleições" vai dizer aos portugueses "àquilo a que vai".
Aí referia que não iria "pactuar com partidos anti-Europa, anti-Nato, pró-Rússia ou partidos que tenham políticas xenófobas e racistas", mas que não ia "antecipar as coisas nem inquinar a mensagem".
Semanas depois, surge o apelo diretamente da Madeira para que o PS responda à mesma pergunta mas em relação aos partidos com que, de resto, firmou uma maioria parlamentar no passado.
No entanto, este não foi o único apelo deixado por Luís Montenegro num discurso antes da típica espetada madeirense ao jantar. Há outro direto para António Costa e do líder social-democrata cheio de confiança: "o dr. António Costa esforçou-se tanto da última vez, veio cá tantas vezes, vamos ver se ele agora redobra o esforço porque, na altura, mesmo com esse esforço todo não conseguiu. Quero convidá-lo: venha o dobro das vezes à Madeira para ver qual a resposta que os madeirenses lhe vão dar".
Arrancando aplausos dos comensais, Montenegro garante estar confiante na maioria absoluta das regionais deste ano, mas "não triunfalista".
E já em ambiente que faz lembrar a campanha, além das críticas habituais à política do governo classificada aqui como de empobrecimento, Miguel Albuquerque insistiu no pedido de um regime fiscal próprio para a Madeira.
"O Estado ou dá instrumentos às regiões autónomas para se desenvolverem, designadamente um novo pacote e regime fiscal próprio, dá condições às regiões para terem um quadro legislativo que possa legislar face às suas especificidades, dá às regiões autónomas, no quadro da democracia, a capacidade de encontrarem os seus caminhos de desenvolvimento e financiarem o seu próprio desenvolvimento e os encargos do Estado Social, ou então assume as responsabilidades no quadro constitucional relativamente às despesas sociais, designadamente a educação e a saúde", nota o presidente do governo regional apelando à ajuda do PSD nacional.
E Montenegro corresponde à expectativa notando que "é preciso dar mais competitividade fiscal às regiões autónomas e, no caso da Madeira em particular, esta competitividade não pode ser desperdiçada".
Para o líder social-democrata, "é muito importante que, nas negociações com a UE, o governo da república não desajude, [mas] ajude a criar as condições para que as regiões autónomas, e em particular a da Madeira, tenham a competitividade fiscal que serve para criar riqueza e a riqueza que serve para criar a justiça social".