Montenegro recandidata-se à liderança do PSD, mesmo com Passos ou derrota nas europeias
O líder dos sociais-democratas mostra-se confiante com a vitória do PSD nas eleições europeias, mas assume que o motivo da sua candidatura a presidente do partido "foi sobretudo para ganhar o país".
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O presidente do PSD, Luís Montenegro, anunciou esta segunda-feira que será recandidato à liderança do PSD, mesmo se perder as europeias e até se Pedro Passos Coelho decidir regressar à política ativa, afirmando que "o foco" é "ganhar as eleições legislativas", porque "essas é que vão mudar o país".
Em entrevista à TVI-CNN Portugal, Montenegro afirmou que já tem na cabeça um nome para cabeça de lista de umas eleições que pretende vencer, mas assumiu que o verdadeiro combate será travado nas legislativas e, por isso mesmo, em caso de derrota nas europeias, avança para uma recandidatura. O social-democrata considera, ainda, que Pedro Passos Coelho deve ser melhor aproveitado pelo mundo académico e deixou entender que vai a votos mesmo contra o antigo primeiro-ministro.
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"Eu vou recandidatar-me, porque faço uma avaliação positiva daquilo que temos vindo a fazer. Estou muito tranquilo, acho que nós temos muito tempo para crescer nas sondagens - em 2009, o engenheiro Sócrates era primeiro-ministro, foi a eleições europeias antes do verão, perdeu, por acaso, por sinal, foram as últimas que o PSD ganhou e passado dois meses houve eleições legislativas e ganhou - não é necessário que um resultado menos bom aqui, corresponda a um menos bom acolá", defende.
O líder dos sociais-democratas destaca ainda que o PSD perdeu as eleições europeias em 2014 e ganhou as legislativas em 2015.
"Eu quero e vamos ganhar as eleições europeias, mas eu estou focado em ganhar as eleições legislativas, essas é que vão mudar o país. Eu vim para presidente do PSD não foi para ser candidato às europeias, nem foi para ganhar as europeias - também foi para ganhar as europeias - mas foi sobretudo para ganhar o país", explica.
Luís Montenegro recusou fazer uma leitura nacional das eleições europeias e adiantou que só será primeiro-ministro se vencer as legislativas, desafiando uma futura liderança socialista a viabilizar um governo do PSD, se tal for necessário
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"Eu só serei primeiro-ministro se ganhar as eleições, é o primeiro compromisso que eu assumo. O segundo compromisso que eu assumo, é que não farei uma coligação de suporte do Governo de nenhuma modalidade com o Chega. O terceiro compromisso que eu assumo é que, ganhando as eleições, eu formarei Governo, preferencialmente com o apoio maioritário dos deputados na AR, se não conseguir, com uma maioria relativa - não seria o primeiro nem o último e houve até primeiros-ministros que conseguiram governar nessas condições os quatros anos da legislatura", garante.
Recorrendo ao exemplo de António Guterres, o presidente dos sociais-democratas afirma que este só conseguiu uma governação "porque houve um sentido de responsabilidade do PSD, na altura liderado pelo professor Marcelo Rebelo de Sousa" e acusa o PS de nunca ter tido a mesma atitude.
"Mas eu tenho a esperança de que, no pós-Costa, possa haver alguém que dimane da estrutura socialista que tenha esse espírito cívico se isso se vier a colocar ao país", confessa.
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Nesta entrevista, o líder do PSD recuperou ainda a proposta de que o Estado seja um "garante" de financiamento na compra da primeira casa para os jovens.
"O Estado servir de garante para a componente que falta para o financiamento ser a 100% e eu acho que é do interesse do Estado, ajuda os jovens na fase da vida deles onde eles mais precisam, porque seguramente que essa garantia, no final do empréstimo, já não terá efeitos lesivos para os interesses das finanças públicas", afirma.
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Luís Montenegro acusa ainda António Costa de optar pelo eleitoralismo, atrasando a redução de IRS. Questionado pela hipótese, adiantada por Marques Mendes, de existir neste Orçamento do Estado uma descida mais acentuada do IRS, aproximando-se da proposta do PSD, Montenegro saúda, caso venha a concretizar-se esta solução, mas considera que já vem tarde.
"É preciso recordar ao país que, mesmo que o dr. António Costa amanhã revele uma aproximação do valor da descida do IRS, que tinha programado e estava orçado em cerca de 500 milhões de euros, e que agora se possa aproximar do valor proposto pelo PSD, já vem com um ano de atraso, porque o dr. António Costa tinha margem - e nós demos-lhe a oportunidade de o fazer já para 2023 - e entre fazer justiça social em 2023 ou fazer eleitoralismo em 2024, optou por esta segunda via", atira.
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Já para as empresas, Montenegro admite descer o IRC até 15%, mas a longo prazo.
"Ainda hoje apresentamos na AR a nossa prioridade de descer dois pontos, de 21 para 19%, o IRC. A nossa ideia é que nós possamos fazer ainda mais duas descidas com este nível para sermos competitivos, para atrairmos investimento estrangeiro e para potenciarmos a capacidade que as empresas têm de se poderem capitalizar e poderem dispor de instrumentos financeiros que lhes permitam investir em tecnologia, investir em inovação, investir em recursos humanos, investir em capacidade produtiva que crie mais riqueza", sublinha.