Moradora queixa-se à Câmara de que vizinho não limpa terreno... o vizinho é a autarquia
Uma aveirense foi à sessão pública da Câmara para se queixar do vizinho que "não limpa o mato que por ali cresce". Maria Clara Lemos pediu à autarquia para obrigar o vizinho a cumprir a lei e depois revelou que o vizinho que não faz as limpezas é a própria Câmara de Aveiro.
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Maria Clara Lemos, proprietária de uma casa em Aveiro, aguardou serenamente pelo período reservado a intervenções do público para expor os motivos que a levaram aos Paços do Concelho.
Explicou detalhadamente os problemas que tem com o vizinho, dono do terreno ao lado da casa, que "não limpa o mato que por ali cresce", nem manda cortar os eucaliptos que estão a poucos metros da sua habitação e cujas raízes estão a causar rachadelas na construção, havendo ainda árvores caídas sobre o caminho de acesso à sua propriedade.
Invocando que paga o Imposto Municipal sobre Imóveis e como tal tem direito a ter condições de acessibilidade à sua casa, Maria Clara Ramos foi à reunião de Câmara pedir os bons ofícios da autarquia para resolver a situação e fazer cumprir a Lei.
É que cabe às câmaras municipais e à GNR fazer cumprir a lei de gestão dos combustíveis, a qual determina que os proprietários estão obrigados a manter limpos os terrenos e não podem ter árvores a menos de trinta metros das habitações.
O insólito da situação descrita pela moradora é que o eucaliptal ao lado da sua casa é propriedade municipal, ou seja, o tal vizinho é a própria Câmara de Aveiro, que, no âmbito das suas competências, levanta autos e passa coimas a particulares que descuidam a limpeza dos seus terrenos.
"Se não limpam o terreno nem arranjam o caminho por não terem dinheiro, vendam os eucaliptos", sugeriu a munícipe, prontificando-se até a arranjar quem compre a madeira.
O vice-presidente da Câmara Jorge Ratola, hoje a presidir à sessão por ausência do presidente Ribau Esteves, que teve de se deslocar a Lisboa para uma reunião com o Tribunal de Contas, explicou que o novo executivo quando foi eleito deparou com uma situação em que não havia um conhecimento exato dos terrenos de que o Município é proprietário, pelo que ordenou que fosse feito esse levantamento.
"É importante que as pessoas nos façam chegar esse tipo de situações porque a Câmara não sabia quais os terrenos de que é proprietária", comentou.