"Independentemente dos rendimentos, os consumidores já não podem beneficiar desses moratórias e temos muitas famílias num verdadeiro estrangulamento financeiro", admite Natália Nunes, da Deco.
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Há famílias em risco de verem os bens penhorados por não conseguirem pagar os créditos pessoais. As moratórias privadas, que abrangem o crédito pessoal, ao consumo ou de cartões, começaram a terminar em outubro e vão esgotar-se no próximo mês.
Natália Nunes, da Deco, avança à TSF que o problema está no facto de as instituições de créditos já não estarem a aceitar renegociar as dívidas: "A verdade é que independentemente dos rendimentos, os consumidores já não podem beneficiar dessas moratórias e temos aqui muitas famílias num verdadeiro estrangulamento financeiro porque não estão a conseguir chegar a acordos de restruturação relativamente aos créditos onde já não é possível aderir a moratórias."
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Natália Nunes esclarece que "o balão de oxigénio da moratória legal pode ir até setembro de 2021, mas isso é apenas relativamente ao crédito à habitação, depois em relação aos outros créditos, neste momento, já não é possível aderir a moratórias".
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Os efeitos da pandemia persistem no rendimento das famílias. Sem renegociação das dívidas, o resultado pode ser a insolvência ou a penhora de bens. Natália Nunes explica que há muitas pessoas "sem rendimentos, em situação de desemprego, confrontados com situações de lay-off e com reduções drásticas dos seus rendimentos".
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No caso de incumprimentos, os consumidores "podem depois recorrer à via judicial para o cumprimento das dívidas e aí o consumidor pode ser confrontado com a penhora de todos os seus bens e dos seus rendimentos". Natália Nunes acrescenta que "o consumidor pode estar numa situação de tal estrangulamento financeiro que pode ele tomar a iniciativa de avançar pela via judicial e pedir a sua insolvência".
Natália Nunes, da Deco, apela às instituições financeiras e ao Governo para que protejam estas famílias, porque é só o princípio do fim das moratórias. Para já, terminam as moratórias privadas e, em setembro, as de maior vulto, como as do crédito à habitação.