Os dados da GNR mostram que abril foi o mês mais negro deste ano com oito vítimas mortais
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Desde o início de 2024 morreram, pelo menos, 16 pessoas em Portugal na sequência de acidentes com tratores agrícolas. Os dois mais recentes aconteceram no sábado, 25 de maio, em Pombal e Sertã, e elevaram para 143 o número de mortos em todo o país desde o início de 2021, segundo dados da GNR.
Abril foi o mês mais negro deste ano com oito vítimas mortais em Idanha-a-Nova, Marinha Grande, Penalva do Castelo, Vila Flor, Bragança, Gouveia, Sabugal e Grândola. Em maio foram sete, em Bragança (2), Pinhel, Barcarena, Caldas da Rainha, Pombal e Sertã. Em janeiro morreu uma pessoa em Torres Vedras.
Segundo a GNR, houve 40 óbitos em 2023 e 47 em 2022. Das 87 vítimas mortais nesses dois anos, 71 tinha idade igual ou superior a 60 anos, sendo que destas, 56 tinham entre 70 e 79 anos.
O ministro da Agricultura lembra que anda, desde 2013, a defender o uso de “fundos europeus”, nomeadamente para “formação e compra de novos tratores”. José Manuel Fernandes admite que “tal já aconteceu”, mas “é preciso reforçar não só a fiscalização como as ações de sensibilização”, porque “é verdade que em termos médios, são cerca de três pessoas que morrem por mês em Portugal com tratores. Na sua opinião, isto é “verdadeiramente inaceitável”.
Mais formação contínua, uso de novas tecnologias e apoio à renovação do parque de máquinas agrícolas é o que propõem, por seu lado, duas das maiores confederações de agricultores em Portugal – a CAP e a CNA – para baixar o elevado número de vítimas.
Francisco Pavão, vice-presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), diz-se preocupado com os números, assume que já se investiu muito em formação obrigatória para tratoristas, mas é preciso “continuar a insistir com ações de sensibilização”, bem como introduzir “tecnologias que permitam a georreferenciação dos tratores” e que “haja sistemas automáticos de levantamento do arco de segurança”.
Além da “formação contínua adaptada para a tipologia de agricultor”, Pedro Santos, da direção da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), não esquece a “necessidade muito grande da renovação das máquinas e dos tratores”, que devem ser substituídos por “equipamentos que sejam muitos mais seguros”.
Para isso, “os pequenos e médios agricultores precisam de ter taxas de comparticipação que sejam bastante elevadas”, de modo que consigam fazer a substituição.
