A maioria dos afogamentos aconteceu em zonas não vigiadas e no interior do país
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Noventa e sete pessoas morreram afogadas até 31 de outubro, a maioria em meio aquático e em zonas não vigiadas, segundo dados do relatório do Observatório do Afogamento da Federação Portuguesa de Nadadores Salvadores (FEPONS).
Em comunicado divulgado esta terça-feira, a FEPONS precisa que em 10 meses foram registadas 97 mortes, a quase totalidade (96,9%) em zonas não vigiadas e a maioria (56,7%) em zonas do interior do país.
Segundo os dados da FEPONS, 43,3% das mortes ocorreram no mar, 29,9% em rio, 7,2% em poço, 5,2% em barragens, 5,2% em piscinas domésticas.
Ouvido pela TSF, Alexandre Tadeia, presidente da Federação Portuguesa de Nadadores Salvadores, mostra-se preocupado.
"Continuam a ser números muito elevados que nos colocam níveis muito altos em termos, por exemplo, da União Europeia, o que revela que nós, de facto, temos de melhorar muito, principalmente na educação, porque quando olhamos para os dados percebemos que a quase totalidade são em zonas não vigiadas, por outro lado, também mudar um bocadinho o chip que os portugueses têm sobre o afogamento. Julgam muito que o afogamento acontece no mar, mas a grande realidade dos dados diz-nos que a maioria acontece no interior do país e isto é extremamente preocupante, pois o nosso sistema de assistência a banhos está principalmente virada para o mar e para o verão, mas o mês em que tivemos mais mortalidade até agora, em 2024, foi o mês de abril", explica à TSF Alexandre Tadeia, sublinhando que a "regra mais básica da segurança aquática" é "frequentar locais vigiados".
A maioria das pessoas que morreram por afogamento eram homens (77,3%) com mais de 40 anos (57,7%), tendo a maioria dos casos ocorrido durante banhos de mar em lazer (21,6%), pesca embarcada (10,3%, por queda de viaturas à água (4,1%) e a pesca lúdica de bivalves (4,1%).
Quanto à distribuição geográfica, 14,4% dos casos aconteceram no distrito do Porto, 13,4% em Setúbal e 11,3% em Lisboa.
Segundo o documento, 30,9% das mortes foram presenciadas com tentativa de salvamento.
Abril foi o mês em que ocorreram mais mortes (26,8%), seguido de agosto (13,4%) e julho (11,3%).
O Observatório do Afogamento é um sistema criado pela Federação Portuguesa de Nadadores Salvadores, para contabilizar as mortes por afogamento em Portugal.
O registo é realizado por ‘links’ de recortes de jornal ou imagens destes.
A época balnear deste ano começou no feriado do 1.º de maio no concelho de Cascais e em alguns locais da Madeira.
A época balnear de cada ano é definida em portaria publicada em Diário da República, que identifica as águas balneares e a respetiva época, considerando-se até à publicação que a nível nacional a época balnear decorre entre 01 de maio e 30 de outubro. Entre essas datas, as câmaras municipais determinam quando se inicia e termina a época balnear no seu território, optando algumas por começar mais cedo e terminar mais tarde.
Notícia atualizada às 09h50
