Mortágua desafia Costa a quebrar silêncio sobre rendas e acusa Montenegro de hipocrisia com professores
Mariana Mortágua apresentou, este domingo, as conclusões da Mesa Nacional do Bloco de Esquerda.
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O Bloco de Esquerda (BE) desafia o primeiro-ministro a quebrar o silêncio sobre a habitação e acusa o PSD de hipocrisia no que toca aos rendimentos dos professores. Durante a apresentação da resolução da Mesa Nacional do BE, esta tarde, em Lisboa, Mariana Mortágua comentou também a escolha de palavras do Presidente da República, que pediu, porque a maioria absoluta não durará "para sempre", que se preparem já "acordos de regime".
"Normalmente, [é] uma expressão que nos faz antecipar o pior", atirou Mariana Mortágua. "Em nome dos pactos de regime, foram tomadas as piores decisões para o nosso país. Mais do que pactos de regime, é necessário soluções concretas. O que é preciso para Portugal, neste momento, é medidas concretas para resolver a crise da habitação", defendeu.
A habitação é o tema que encabeça a resolução da Mesa Nacional do partido, redigida esta tarde. E, nesta questão, Mariana Mortágua tem uma mensagem direta para António Costa: "Deixo um desafio muito concreto e muito claro ao primeiro-ministro: que fale aos milhares de pessoas que saíram [à rua] pelo direito à habitação com o mínimo dos mínimos, que é dizer o que acontecerá às rendas em 2024. Tranquilize já as pessoas que não sabem o que vai acontecer."
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"Ouvimos, tantas vezes, o Governo falar sobre estabilidade e previsibilidade (...). Qual é a estabilidade de alguém que não consegue pagar a renda da sua casa?", questionou.
A líder do BE deixa ainda críticas ao Executivo no que toca às emergências no Serviço Nacional de Saúde (SNS), denunciadas, este domingo, pela Ordem dos Médicos. "O Governo tem sido, de facto, com a sua falta de vontade de negociar, um dos problemas do SNS. Hoje, o Governo é o problema que impede que o SNS possa atrair profissionais e que possa prestar um serviço às populações", lamentou.
O líder da oposição, Luís Montenegro, também não escapou ao ataque de Mariana Mortágua devido à proposta que apresentou para a recuperação faseada de rendimentos dos professores.
"Tem tanto de justa como de hipócrita", atirou a coordenadora bloquista. "Quando o PSD tinha votos e possibilidade de aprovar a medida, porque não havia maioria absoluta, o PSD recuou e ficou ao lado do Governo", referindo-se ao episódio que ocorreu em 2019, quando PS, PSD e CDS se juntaram, na Assembleia da República, para chumbar a recuperação do tempo de serviço dos professores.
"É agora - que o PSD sabe que existe uma maioria absoluta e que, portanto, não há forma, pela soma dos votos no Parlamento, de conseguir aprovar essa medida justíssima para os professores - que apresenta essa proposta", constata Mariana Mortágua com censura, e recusando-se, para já, a comprometer-se com um sentido de voto em relação à mesma.
Certas mesmo, para o Bloco de Esquerda, só as ideias que saem desta Mesa Nacional, entre as quais a proposta do aumento do salário mínimo para 900 euros já em janeiro (com atualizações conforme a inflação ao longo do ano); a construção de uma rede pública de creches; a aposta no investimento público em vez de superávites orçamentais; a oposição à nova coligação de forças na Madeira, o apoio a um cessar-fogo imediato na Ucrânia, e, claro, medidas de emergência para a Habitação em Portugal.
Neste ponto, o Bloco de Esquerda anuncia que vai apoiar a organização, em Portugal, de um fórum pelo direito à habitação, do Partido da Esquerda Europeia, e que acontecerá no Porto, entre os dias 20 e 22 deste mês.