O movimento "Que se lixe a troika" sublinha que o objetivo principal dos protestos não é subir a escadaria, mas reinvidica o mesmo tratamento que tiveram ontem as forças de segurança.
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Notícia atualizada.
Em declarações à TSF, Ricardo Morte começa por dizer que se nota que as forças de segurança tiveram no protesto de quinta-feira «um tratamento diferenciado face a outros cidadãos que se têm manifestado».
Um dos rostos mais visíveis do movimento "Que se lixe a troika" espera, por isso, que a partir de agora todos tenham o mesmo tratamento.
Ricardo Morte faz, no entanto, questão de sublinhar que o objetivo, tanto do movimento que representa como de outros movimentos e de outras organizações sindicais, não é «ir para a Assembleia da República e tomar as escadarias».
«Nós achamos é que artificialmente estão a afastar, no fundo, os cidadãos e é quase uma provocação para nós estarmos lá e termos sempre as barreiras, que cada vez estão mais longe. Se as pessoas que lá estiverem quiserem subir as escadas, pois que subam, porque ninguém quer subir para destruir ou tomar de assalto. Nós queremos subir para mostrarmos que estamos ali e para sermos ouvidos de mais perto», acrescenta.
A notícia hoje divulgada no online da TSF resultante de uma entrevista telefónica feita à minha pessoa merece-me os seguintes reparos:
1. Inicialmente tive oportunidade de referir que não falaria como eventual porta voz do Que se Lixe a Troika.
2. Considero e já tive oportunidade de dizer quer ao Jornalista quer ao responsável pela edição Online que o título que refere que o Movimento Que Se Lixe a Troika, "também quer subir as escadarias", apesar de absolutamente legítimo do ponto de vista editorial, não tem suporte no contexto da conversa.
3. Referi que derrubar grades ou subir as escadas não é objectivo de nenhuma manifestação. Ninguém se manifesta para subir as escadas do Parlamento. As pessoas manifestam-se é em defesa dos seus direitos e para manifestar o descontentamento face às medidas que lhes são impostas.
4. Não há uma "reivindicação" de tratamento igual ao tratamento dado às forças de segurança. Há sim a constatação que ontem a actuação da polícia em serviço em S. Bento foi diferente do que é habitual, sendo quanto a mim, do ponto de vista pessoal, a actuação correcta e que devia ser a norma, estendida a todos os cidadãos que se manifestam junto à casa da democracia. Todos os cidadãos devem ser tratados com respeito pela sua condição, quer sejam cidadãos manifestantes polícias, quer sejam cidadãos manifestantes de qualquer outra profissão.
5. Penso que poderei falar em nome do "que se lixe a troika" para dizer que o movimento nunca comentou e não comenta as manifestações de outros grupos de cidadãos.
6. Contextualizando referi que as barreiras que separam os cidadãos manifestantes dos edifícios onde se situam os órgãos de soberania demonstram uma preocupação do poder no afastamento dos protestos e no silenciamento dos mesmos. Referi o caso de Belém, em que agora os manifestantes ficam tão afastados do palácio onde habita o Sr. Presidente Cavaco Silva que nem os manifestantes o vêm, nem ele nos vê.
7. Já fora do contexto da entrevista, para concluir, aproveito neste momento para referir que todos os dias e todas as semanas dos últimos dois anos foram marcadas pela mais forte contestação social da história da democracia deste País. Vemos manifestações, greves, protestos vários em resposta à violência deste governo que é a maior de sempre, levando centenas de milhares a emigrar, colocando inúmeros Portugueses em condições de vida precárias, no limiar e já na pobreza. E a contestação não pode parar.
Ricardo Morte