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O antigo Primeiro-ministro garante, em entrevista à TSF e ao Diário de Notícias, que nunca teve qualquer intervenção na adjudicação de concursos públicos ao Grupo Lena, nem nunca deu "a qualquer ministro ou membro do governo qualquer orientação ou sugestão de actuação sobre a decisão desses concursos".
É desta forma que José Sócrates responde, quando confrontado com as suspeitas do Ministério Público (MP), que no segundo interrogatório assumiu ter indícios da prática de corrupção para acto ilícito, relacionada com os contratos do Estado com o Grupo Lena, nas concessões rodoviárias, na Parque Escolar, no novo aeroporto de Lisboa, no TGV, ou nas "casas da Venezuela".
José Sócrates reafirma que não foi confrontado, até agora, com factos ou provas desses crimes, e que seis meses passados sobre o primeiro interrogatório, o MP fez uma "fuga para a frente", e não "se deixou atrapalhar por saltos lógicos", ao indicá-lo pela prática de corrupção para acto ilícito.
Sócrates afirma que o caso do PROTAL (Plano Regional de Ordenamento do Território do Algarve) é um bom exemplo do método do MP: "não se procura a verdade, mas o ataque, a perseguição pessoal. E tudo acaba nos jornais". O antigo Primeiro-ministro acusa o MP de "fazer imputações sem apresentar os factos que as justificam ou as provas que as fundamentam", e afirma que Rosário Teixeira "não está a agir como acusador público mas como difamador e caluniador", sendo que essas não são, diz José Sócrates, as competências do MP.
O antigo líder socialista comenta ainda a resposta de Rosário Teixeira ao Tribunal da Relação, na qual o procurador admite que a acusação estará concluída "não antes do final do ano", para afirmar que o MP "quando deteve, fê-lo sem motivo; e quando prendeu, fê-lo sem provas". Nesta entrevista, José Sócrates diz-se "preparado para reduzir a zero, a nada, qualquer acusação" que lhe queiram fazer, "seja agora, seja daqui a seis meses".
José Sócrates classifica ainda como "muito grave que ao prender sem provas e ao permitir uma intensa campanha de difamação", o procurador Rosário Teixeira "autorize a legítima suspeita" de que este é um processo com motivações políticas, com o objectivo de condicionar as próximas eleições legislativas.