Mudam-se os palcos, permanecem as vontades. Cenas da Cultura em 2021
Da Metamorfose dos Pássaros à Maior Flor do Mundo. De Montemor até Veneza. Do Teatro Nacional Dona Maria II ao Festival D`Avignon. De Eunice a Saramago, de Camões a Chiziane. Há lugares e nomes que brilham num ano em que a cultura foi um dos setores mais castigados pela pandemia.
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De Janeiro a Abril, o encerramento de todas as salas de espetáculo, não foi um golpe de teatro. E apesar das muitas críticas, e da promulgação do Presidente da República " aquém do esperado", foi finalmente aprovado, em Outubro, o Estatuto Profissional do Artista. A partir de Janeiro de 2022, Portugal passa a ser dos poucos países da Europa onde existe um regime específico para situações de desemprego dos profissionais do setor da cultura. Factos são factos", realçou a ministra Graça Fonseca, num Conselho de Ministros em que as verbas do PRR chegaram também aos cofres do Ministério, para fazer andar obras que vão reabilitar museus, monumentos, teatros.
"Ninguém Fica para Trás", o lema virou título de um documentário, sinalizando 1 ano de apoio da União Audiovisual aos profissionais do espetáculo. Uma corrente solidária e voluntária que permitiu sobreviver, em muitos casos, ao desemprego. Estreou no São Jorge no verão, mas o apoio continua a ser prestado ainda a algumas famílias.
Outros não resistiram. À doença, à idade, à velhice, talvez à solidão. À Covid também. Ou às partidas do coração e da mente: Carmen Dolores, Maria João Abreu, Rogério Samora, António Cordeiro, Maria Valério, Cândido Ferreira, João Cutileiro, Carlos do Carmo, Olga Prats, José Augusto França, Isabel da Nóbrega, Bruno Navarro, Julião Sarmento, Pedro Tamen, Armanda Passos, António Torrado, entre outros vultos da cultura. Eunice Muñoz " Sorri para trás". Com ela atravessamos A Margem do Tempo, o espetáculo em que se despede dos palcos. Em novembro, a atriz voltou a pisar, ao lado da neta, as tábuas do Teatro Nacional Dona Maria II, onde se estreou há 80 anos. "Há sempre qualquer coisa que está para acontecer..."
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Cuidar, cultivar, crescer. Nunca a cultura tinha vivido um ano assim. Os artistas privados do público, e o público sem artistas. Um vendaval nunca visto.
