"Muito difícil." Portugueses "cansados" de máscaras, teletrabalho e falta de convívio
Carla Nunes, da Escola Nacional de Saúde Pública, observa uma alteração de comportamentos: com subida de quem "nas últimas duas semanas esteve num grupo de 10 ou mais pessoas".
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É uma "alteração significativa" quando se analisa, por exemplo, o indicador sobre o uso de máscara: quase duplicou (de 7,5% para 14,5%) o número de pessoas que diz que é "muito difícil" usar este equipamento de proteção, como adiantou Carla Nunes, da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa, durante a intervenção na sessão que juntou especialistas e políticos.
Na lista dos indicadores que sofrem alterações, as dificuldades do teletrabalho, o dever de ficar em casa e a falta de contactos com a família e os amigos surgem com valores mais elevados do que o estudo apresentado na última reunião, há mais de 15 dias.
Cruzando este "cansaço" com outro dos dados avançados constata-se que existe uma menor predisposição para seguir as regras: subiu o número de quem assume que "nas últimas duas semanas esteve num grupo de 10 ou mais pessoas". Em março, eram 4,9%, no início deste mês, subiram para 7,5%.
Os inquéritos mostram que "um em cada quatro" portugueses diz sentir-se "agitado", "ansioso" ou "triste" devido ao isolamento social, valores em linha com os de março.
No campo da vacinação e apesar da recente polémica sobre a vacina da AstraZeneca, não se alterou significativamente a confiança no processo de vacinação: 82,2% dos portugueses dizem que pretendem tomar a vacina, 10,2% ainda não decidiram e o número daqueles que não querem tomar aumentou para 7,8%.
Carla Nunes alerta para o facto de estes 7,8% que assumem não querer ser vacinados, incluírem "pessoas mais novas, que perderam parte ou totalidade do rendimento, que já não tomavam a vacina contra a gripe, com baixa confiança nos serviços de saúde e nas medidas do Governo e que consideram a informação sobre a vacina pouco clara ou inconsistente."
De resto, 16,9% dos portugueses mostraram-se muito confiantes em relação à segurança e 7,7% à eficácia; 70%,8 mostrou-se confiante em relação à segurança e 79,8% à eficácia. Em março, 91% das pessoas mostraram-se "muito confiantes" em relação à segurança e eficácia.
"Houve alterações nas intenções", assume Carla Nunes mas sublinha que "não parece haver evidência de problemas em relação ao cumprimento do plano de vacinação."
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