
Chief Secretary for Administration Carrie Lam Cheng Yuet-ngor (3rd R) stands beside other officials during a news conference to announce the new team of principal officials appointed in Hong Kong June 28, 2012, ahead of the 15th anniversary of the territory's transfer from British rule to China on July 1. REUTERS/Tyrone Siu (CHINA - Tags: POLITICS) - GM1E86S18YP01
Tyrone Siu/Reuters
Estudo do projeto europeu Systemic Action for Gender (SAGE) revela obstáculos na ascensão das mulheres na carreira académica.
Apenas 13% das instituições de ensino superior em Portugal são lideradas por mulheres, que continuam a enfrentar barreiras no acesso aos cargos de maior prestígio das universidades e politécnicos, revela um estudo divulgado esta quinta-feira.
Há já alguns anos que as mulheres representam a maioria dos doutorados mas depois continuam a ter grandes dificuldades em aceder aos cargos de maior prestígio, segundo um estudo que agora analisou o universo de professores que trabalha nas universidades e institutos politécnicos.
A identificação das disparidades foi feita pelo projeto europeu SAGE - Systemic Action for Gender, financiado pelo programa Horizonte 2020, que contou com a participação do ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa.
O estudo põe a descoberto os obstáculos à ascensão na carreira académica e a dificuldade em serem nomeadas ou eleitas para cargos de liderança na academia. Em Portugal apenas 13% das mulheres foram escolhidas para reitoras ou presidentes de um instituto politécnico.
Nas 15 universidades que integram o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) e nas 15 instituições do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), são quase sempre os homens quem decide.
As exceções são o ISCTE-IUL, a Universidade de Évora, a Universidade Católica e o Instituto Politécnico do Cávado e Ave.
Estas diferenças não encontram reflexo no número de docentes do ensino superior, que é quase paritário entre ambos os sexos: 45% são mulheres e 55% são homens, segundo dados de 2017.
Apesar de o número de docentes no ensino superior português ser quase igual entre ambos os sexos, apenas um em cada quatro professores catedráticos é do sexo feminino.
A prevalência dos homens também é marcante na categoria de professores associados, já que apenas um em cada três é mulher.
Portugal não é caso único
As desigualdades não são um problema exclusivo de Portugal. Em toda a Europa há mais mulheres doutoradas do que homens e eles continuam a ocupar a maioria dos lugares de maior estatuto académico.
Um pouco por toda a Europa continua a verificar-se uma sub-representação feminina na categoria de topo da carreira académica, na chefia das instituições de ensino superior e na profissão da investigação.
Depois de identificadas as desigualdades de género nas instituições de ensino superior, o ISCTE elaborou uma 'Carta de Princípios para a Igualdade no Ensino Superior', que cobre aspetos que estão ligados às políticas de igualdade no acesso a lugares de decisão.
As oportunidades de progressão e os valores salariais, assim como o défice de conhecimento das desigualdades de género que o ensino superior tende a reproduzir são outros dos pontos focados na Carta de Princípios.