Algumas mulheres já tinham começado os tratamentos, mas a pandemia interrompeu o processo e agora estão a ser retiradas das listas.
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As mulheres prestes a fazer 40 anos estão a ser retiradas das listas para tratamentos de procriação medicamente assistida, apesar de terem tido o processo adiado devido à pandemia. O Ministério da Saúde tinha prometido uma solução que podia passar por encaminhar as utentes para o privado, mas o Jornal de Notícias revela na edição desta segunda-feira que já há mulheres a serem informadas do fim do processo.
Algumas mulheres já tinham começado os tratamentos, mas a pandemia interrompeu o processo, ou porque os centros fecharam ou porque as utentes testaram positivo à Covid-19 ou estiveram em isolamento profilático.
Agora, a poucos meses de atingirem os 40 anos, estão a ser informadas de que vão ser retiradas das listas de tratamentos para a infertilidade.
A situação foi revelada pela presidente do Conselho Nacional de procriação medicamente assistida. Carla Rodrigues afirma que, em maio de 2020, o ministério de Marta Temido garantiu estar a arranjar forma de manter estas utentes nas listas de espera nos centros públicos ou encaminhá-las para o privado, mas nada avançou.
Em Portugal, os centros públicos definiram um limite aos 40 anos para fertilização in vitro e microinjeção e aos 42 anos para inseminação artificial. Nos privados, o limite máximo é aos 50 anos.
Carla Rodrigues considera que esta discrepância de idades mostra que não se trata de uma questão médica, mas sim de gestão de recursos.
Em entrevista à TSF, Carla Rodrigues pede ao ministério de Marta Temido que avalie a situação e mantenha as mulheres prejudicadas pelos atrasos da pandemia na lista por, pelo menos, mais um ano.
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Ouvido pelo JN, o presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução, Pedro Xavier, fala de situação inaceitável e considera uma grande crueldade não ter havido uma moratória para estes casos.
Já o médico Alberto Barros, pioneiro na procriação medicamente assistida em Portugal, salienta que num país de baixa natalidade o Estado tem de dar mais condições humanas e materiais aos centros públicos de reprodução.
O Jornal de Notícias questionou o Ministério da Saúde, mas não obteve resposta. A TSF está também a tentar reações junto do gabinete de Marta Temido.
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