A SIBS lançou, este mês, o primeiro cartão inclusivo para os deficientes visuais. É um cartão com caracteres em Braille, certificado pela Associação de Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO), mas o presidente, Rodrigo Santos, salienta que se têm registado retrocessos no acesso às máquinas e terminais de pagamento.
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Os caracteres em Braille permitem identificar o tipo de cartão e a entidade emissora. São os primeiros cartões inclusivos, bancários e não bancários, lançados este mês pela SIBS, a entidade que gere a rede de multibancos em Portugal. Destinam-se a deficientes visuais, que podem, assim, "diferenciar dos outros (cartões) na carteira" e "usar o cartão que quero, quando quero e onde quero", destaca o presidente da ACAPO, Rodrigo Santos.
O cartão não tem o nome do utilizador em Braille, porque os caracteres não caberiam no espaço disponível, mas Rodrigo Santos fala em vantagens, apesar de registar retrocessos e "um mundo ainda a fazer" no acesso às máquinas multibanco.
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Um dos retrocessos é a substituição de teclas por terminais inteiramente tácteis, em muitos pontos de venda. Rodrigo Santos explica que nessas ocasiões, o cego tem de confiar noutra pessoa - "muitas vezes o vendedor" -, para confirmar o valor da compra e digitar o código, "quebrando assim, as regras do próprio cartão".
As caixas multibanco são outro desafio, a começar pela introdução do código PIN. O presidente da ACAPO explica que o deficiente visual não recebe qualquer indicação se digitar o PIN errado.
O teclado tem uma única tecla, a 5, que dá acesso a um "interface especial", mas aqui estão disponíveis apenas quatro operações, quando a caixa multibanco tem muitas outras possibilidades para quem consegue ver.
Além disso, "há situações em que as máquinas têm um sistema que amplia os caracteres e converte em voz, as informações que estão no ecrã da máquinas. Muitas vezes, (esse sistema) não está a funcionar. Outras vezes, está a funcionar (com o som) baixo demais em relação ao ruído ambiente. E outras vezes, está a funcionar alto demais, o que compromete imenso a minha confidencialidade, quando tenho de introduzir, por exemplo, referências para pagamento".
Rodrigo Santos refere que a legislação obriga a que as máquinas sejam acessíveis a partir de 2025, mas "também permite que alguns terminais mais antigos subsistam ainda em funcionamento, e nalgumas situações, em 2045". Tempo demais, para os cegos e e amblíopes de Portugal.
A autora não escreve segundo as normas do novo Acordo Ortográfico