No dia em que milhares de estudantes saíram à rua em todo o mundo, no Parlamento português houve votos de saudação à greve climática, mas também críticas ao "aproveitamento político".
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Três votos de saudação à greve climática e um ao mundo rural. As votações dividiram opiniões e mereceram atenção especial no plenário desta sexta-feira, num dia em que centenas de estudantes se manifestavam no exterior da Assembleia da República.
Os votos sobre a crise climática apresentados por PS, PAN e Bloco de Esquerda foram aprovados, com o Chega a votar contra todos, o CDS contra dois deles e com a Iniciativa Liberal a votar a favor da proposta do PS, a abster-se no do PAN e a votar contra a dos bloquistas.
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Do lado do CDS, Telmo Correia afastou-se de quem acompanha "as visões mais radicais, mais fundamentalistas e mais extremistas nesta matéria", frisando que os representantes do povo português não devem "apelar aos jovens que não vão às aulas".
O centrista continuou ao ataque, desta vez aos partidos que fazem um "aproveitamento político" da questão da greve climática.
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Nelson Peralta, do Bloco de Esquerda, alerta para a necessidade de "ouvir estes jovens" e de estar "à altura dos desafios que o planeta enfrenta", frisando que é necessária uma resposta de "justiça de economia, justiça climática e de políticas de igualdade".
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O PSD, pela voz de Hugo Carvalho, admitiu que, "daqui a uns anos não se quer arrepender, nem olhar para o mundo e dizer "não fizemos o suficiente'", enquanto o PS, diz Miguel Costa Matos, deixa o compromisso de "continuar a liderar" o "esforço global de descarbonizar a sociedade e a economia".
Alma Rivera do PCP alertou que "o capitalismo não é verde" e que é preciso "encontrar outras formas de desenvolvimento" e avançar para medidas concretas.
Depois do clima, o mundo rural
E se as greves saíram à rua em muitas cidades do país e do mundo, o CDS lançou um voto de saudação ao mundo rural, com Cecília Meireles a recordar um dos cartazes das manifestações onde se podia ler "se o campo não planta, a cidade não janta".
"Somos todos portugueses e todos rurais, urbanos e todos devemos ter orgulho das nossas tradições e da nossa identidade", frisou a deputada centrista, notando que no texto do voto do CDS havia referência às tradições "indispensáveis ao desenvolvimento", e que fazem parte da "identidade" portuguesa, "da agricultura ao agroalimentar, da floresta à apicultura, da caça à pesca, do turismo de natureza ao turismo rural".
As fortes críticas vieram do PAN, que votou contra por acreditar que "traz uma leitura enviesada da realidade". André Silva acusa o CDS de ter uma "tentativa desesperada de se eximir às responsabilidades próprias". "O CDS e outros que se arrogam defensores do mundo rural, são aqueles que mais o têm atacado", atirou o deputado.
O PAN acredita ainda que o voto dos centristas "não pretende do que virar uma parte do país contra a outra" e reforçou que "ao contrário do radicalismo e extremismo do CDS, a defesa do mundo rural" se faz com a defesa das populações e dos territórios.
O voto do CDS acabou por ser aprovado com votos contra PAN, abstenção do Bloco de Esquerda, Livre e do deputado socialista Pedro Delgado Alves.
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