Municípios do Baixo Alentejo discutem esta semana medidas para combater a seca
A falta de água é um problema que preocupa várias regiões do país. À TSF, o presidente da Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo avança que os municípios reúnem-se esta semana para propor medidas ao Governo.
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Pouco a pouco, as autarquias e regiões de todo o país começam a mexer-se, com o intuito de dar resposta a um problema que parece ser cada vez mais grave. Os dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) divulgados na sexta-feira confirmaram o mês de janeiro como o quinto mais quente desde 2000 e o segundo mais seco.
No Alentejo, o problema está longe de ser novo. Ainda assim, há que olhá-lo com cuidado, especialmente no que toca ao impacto negativo que a falta de água pode ter na vida de muitos agricultores. A Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo está atenta, e vai reunir os representantes dos municípios que compõem o órgão já esta semana.
Ouvido pela TSF, António Bota, autarca de Almodôvar e presidente da comunidade de municípios da região, revela que a CIMBAL vai preparar um documento que vai ser enviado ao Governo. Em debate, vão estar "medidas que devem ser implementadas de ajuda aos agricultores nesta fase difícil".
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"Vamos elaborar um documento que vamos enviar ao Governo, colocando algumas ideias para medidas que devem ser implementadas de ajuda aos agricultores nesta fase difícil. Posso-lhe adiantar que aquilo que vou propor da minha parte, enquanto presidente da CIMBAL, é que exista um apoio para fazer face à compra de cereais, feno e palha para continuar com os animais. Não por cabeça de animal, mas sim por encabeçamento. Vou propor também que se invista em painéis solares e captações subterrâneas para que tenhamos algumas reservas de água", revelou António Bota à TSF.
Na opinião de António Bota, os empréstimos aos agricultores não são uma boa opção. Na verdade, apenas contribuem para agravar a sua situação.
"Não vamos propor nada de empréstimos aos agricultores porque isso só traz custos, dores de cabeça e preocupação. Depois o dinheiro fácil não vai ser recuperado e só vamos ajudar os agricultores e pecuários a enterrarem-se cada vez mais, além de suportarem os custos exagerados dos cereais, combustíveis e todo um conjunto de logística que é necessário. No final, quando o animal ou a ração é vendida, não corresponde em nada ao aumento de custo que houve durante a produção desse animal ou cereal", explicou o autarca de Almodôvar.
Nos últimos dias, outros municípios têm tornado públicas algumas medidas que têm como objetivo ajudar a diminuir as consequências da seca. É o caso do concelho de Viana do Castelo, que ontem anunciou em comunicado que deixou de usar água da rede pública nos jardins e que está até a ser "equacionada a tomada de medidas de restrição do uso de água", pelo que poderá "ser assegurado o transporte e disponibilização de cisternas de água para as necessidades mais prementes".
O primeiro passo foi dado na terça-feira, pelo Governo. Depois da reunião da comissão de acompanhamento da seca, o executivo anunciou, pela voz dos titulares da pasta da Agricultura e do Ambiente, restrições temporárias no uso de várias barragens do país. Há quatro barragens cuja água só será usada para produzir eletricidade cerca de duas horas por semana, de forma a garantir "valores mínimos para a manutenção do sistema". É o caso das barragens de Alto Lindoso e Touvedo, no distrito de Viana do Castelo, Cabril (Castelo Branco) e Castelo de Bode (Santarém). Também a barragem de Bravura, localizada em Lagos, no Barlavento Algarvio, deixou de poder ser usada para a rega.