Num parecer pedido pela Secretaria de Estado da Agricultura, os municípios sublinham que não estão criadas as condições para não abater os animais e continuar a recolhê-los da rua.
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Num parecer "desfavorável" à nova lei, a Associação Nacional de Municípios defende um adiamento por um prazo de dois anos. No documento a que a TSF teve acesso, pode ler-se que o prazo de dois anos de adaptação deveria ser "prorrogado" sempre que as medidas de controlo da sobrepopulação animal não tenham tido "efeito real". Ou seja, sempre que o número de recolhas seja superior ao número de cedências.
Ora, nesta altura, segundo dados da Ordem dos Médicos Veterinários, em 2017, dos 60 mil animais abandonados apenas cerca de 30% foram
adotados. Significa isto que não há espaço nos canis públicos para alojar todos os animais errantes, o que leva a Associação Nacional de Municípios a considerar que ainda não há condições para que a lei possa ser aplicada.
Os municípios sublinham que o "objetivo de não abater os animais deve manter-se firme e realista", devendo para isso haver uma aposta na "redução do abandono". Para isso, sugerem o "aumento da fiscalização", a criação de "campanhas nacionais de sensibilização" e o "registo da totalidade dos animais de companhia".
Veterinários oferecem serviços à borla. Municípios não aderem
Apenas 13 municípios aderiram a um protocolo lançado pela Ordem dos Médicos Veterinários para apoiar animais abandonados. Jorge Cid, o bastonário da Ordem, adianta que, de norte a sul do país, uma rede de veterinários trabalhando pro bono, oferecem gratuitamente a esterilização de todos os animais adotados nos canis municipais e também a profilaxia dos animais adotados por famílias carenciadas.
O bastonário não esconde a estupefação por apenas 13 autarquias terem mostrado interesse em aderir a este protocolo. "Isto mostra que se calhar não há tanta vontade de resolver o assunto como seria expectável", atira o bastonário.