Fundo Ambiental financia a 100% a recuperação de nascentes em sete concelhos e apoia compra de autotanques para transporte de água para aldeias com falta dela.
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Sete municípios transmontanos vão receber 1,3 milhões de euros do Fundo Ambiental para não deixarem faltar água às populações que, normalmente, não são abastecidas pelas grandes barragens que servem os concelhos. Os protocolos foram assinados, esta quarta-feira, em Carrazeda de Ansiães, um dos concelhos abrangidos e que só tem água até outubro.
Carrazeda de Ansiães, Alijó, Bragança, Mogadouro, Vimioso, Macedo de Cavaleiros e Alfândega da Fé são os primeiros do continente português a receberem ajudas do Governo para reativarem sistemas autónomos de abastecimento de água à população.
Os protocolos foram homologados pelo secretário de Estado da Conservação da Natureza e Florestas, João Paulo Catarino, que se encontrou, em Carrazeda, com autarcas dos sete concelhos abrangidos por esta medida.
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Vão ser apoiadas "captações subterrâneas ou nascentes que, devido à situação de seca, não estão a conseguir garantir os caudais". Os protocolos preveem também a "aquisição de autotanques para o transporte de água para esses sistemas autónomos", bem como "a reconstrução e alteamento de alguns açudes".
Esta operação, financiada "a 100%" pelo Fundo Ambiental, "é a primeira do país", mas o secretário de Estado admite que também será executada noutras zonas "se vier a justificar-se". Normalmente, os sistemas autónomos servem "povoações mais distantes" e "têm cumprido o seu papel".
Devido à seca, que "é extrema em 49% do território continental e é severa em 51%", de acordo com o vice-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Pimenta Machado, é na região de Trás-os-Montes que as captações autónomas estão mais debilitadas. As barragens, por seu lado, têm estado a cumprir, mas em alguns casos, como em Carrazeda e Alijó, a água disponível só já dá até outubro, se nada for feito.
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Em Carrazeda de Ansiães, a Câmara já tem aberto um concurso para o aporte de água a partir do rio Tua. João Paulo Catarino referiu que "neste caso, o apoio [no âmbito do protocolo assinado esta quarta-feira] será também para isso". O autarca, João Gonçalves, diz que é "um apoio importante" e que é "exemplo de verdadeira coesão territorial", pois a medida tem "encargos grandes para um orçamento limitado" como é o caso.
Neste concelho duriense foi lançada uma campanha de sensibilização para o bom uso da água, que já permitiu "uma poupança de 17%"~, o que equivale a "cinco milhões de litros". João Paulo Catarino sublinhou que este "bom exemplo" de Carrazeda "deve ser replicado". Está convicto de que "se as pessoas estiverem conscientes ajudarão a evitar medidas mais drásticas".