Na aldeia de Cortes, às portas de Leiria, a Casa Museu João Soares, criada pela Fundação Mário Soares em homenagem ao pai do antigo presidente, amanheceu com a bandeira a meia haste.
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O espaço museológico nasceu na antiga casa de uma tia de Mário Soares, onde era habitual o seu pai passar férias. Na aldeia, lembram o antigo presidente e primeiro-ministro como alguém que vinha muitas vezes, conversava com as pessoas, e até pagava rodadas na adega local. Mas, há também quem lembre o dia em que todos esperavam que o filho da terra tivesse contribuído mais.
No largo da Igreja, em frente à Casa Museu João Soares, está o restaurante e adega "O pião". Referência nas passagens de Mário Soares pela aldeia de Cortes. "Veio comer um chouricinho assado e beber um copinho de vinho e até pagou um copo a quem aqui estava", conta o atual proprietário António Carneiro. "Vinha aí muitas vezes", acrescenta.
E uma das muitas vezes que veio foi para inaugurar as obras da Filarmónica local, que o pai ajudou a reerguer de uma morte anunciada. Veio, descerrou a placa e partiu, mas o povo esperava mais, lembra José Joaquim. "Fizemos uma lápide e ele é que a foi destapar, a ver se ele dava alguma coisa à filarmónica, porque nós todos demos, mas ele não contribuiu com nada, nem mil escudos deu".
Dessa vez não correu como esperado, mas Mário Soares fica lembrado como alguém acessível e conversador. "Era homem que convivia. Era muito popular. O pai dele foi uma pessoa excelente para a nossa terra. Ele é que pagou uma estrada que vai da aldeia até Fátima", contam.
Em Cortes passava sempre de visita. No mercado de domingo, a população, comenta Vítor Fernandes, prefere sublinhar a marca que deixa no país. "Os portugueses devem muito ao Mário Soares pelos marcos que ele deixou na vida dos portugueses".
E em Cortes, o maior marco será a Casa Museu com o nome do pai, João Soares, que está sepultado no cemitério de Cortes.