A Federação Portuguesa de Nadadores-Salvadores refere que as condições climatéricas vão permanecer favoráveis e o fim da época balnear implica o final da assistência a banhistas.
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A Federação Portuguesa de Nadadores-Salvadores (FEPONS) diz estar preocupada com o final da época balnear esta quarta-feira em 73 praias, a maioria fluviais, e pede ao Governo uma revisão urgente da legislação deste setor.
À TSF, o presidente do organismo, Alexandre Tadeia, diz que o bom tempo vai manter-se e não faz sentido as praias ficarem sem vigilância já a partir desta quinta-feira.
"O que se deve fazer é seguir o que está na lei e o que está na lei é que a época balnear deve seguir critérios do número de banhistas, das condições climatéricas e nós, neste momento, temos boas condições climatéricas em todo o país para época balnear. Estarmos agora a terminar em 73 praias portuguesas a época balnear é aumentar o risco de afogamento, num ano em que já estamos com valores recorde. Isto é bastante preocupante, principalmente porque temos, neste momento, destas 73, 63 praias fluviais a fecharem a época balnear e dez marítimas. A partir do dia 1 de setembro estes 73 locais deixam de ter vigilância a banhistas através de nadadores-salvadores", explicou.
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A Federação Portuguesa de Nadadores-Salvadores considera mesmo que a vigilância balnear deveria estender-se por todo o ano mas com um dispositivo adaptado.
"Uma vigilância durante todo o ano com um dispositivo diferente aumentaria a prevenção do afogamento. É muito preocupante estarmos com este tipo de políticas em anos em que estamos a bater recordes de morte por afogamento em Portugal", defende.
Em comunicado, a FEPONS refere que as condições climatéricas vão permanecer favoráveis muito mais tempo e o fim da época balnear implica, segundo a legislação portuguesa, o final da assistência a banhistas.
A FEPONS defende que as praias "deveriam ser vigiadas durante todo o ano, através de um dispositivo de segurança diferente do da época balnear, pois os dados dos últimos anos do Observatório do Afogamento, demonstram que existe morte no meio aquático em praias de banhos, durante todos os meses do ano".
Por isso, apela à classe política uma urgente revisão da legislação do setor.
A Federação indica que das 73 praias que passarão a ficar sem o dispositivo de nadadores-salvadores na quinta-feira, cinco situam-se na zona do norte, 40 no centro, 21 na zona Tejo e Oeste, três no Alentejo e quatro nos Açores.
Destas, 63 são praias fluviais e lacustres, quatro na zona norte, 40 no centro e 19 na zona Tejo e Oeste. Dez são praias marítimas: uma na zona norte, três na zona Tejo e Oeste, três na no Alentejo" e quatro nos Açores.
De acordo com dados divulgados pela FEPONS no início de agosto, Portugal registou este ano, até 31 de julho, 88 mortes em meio aquático, um recorde dos últimos cinco anos.
Este é o valor mais elevado para os primeiros sete meses do ano desde que o Observatório do Afogamento, da FEPONS, começou a reunir estatísticas, em 2017, destacou a federação.
Segundo Federação, 35 mortes ocorreram em mar e 31 em rio, havendo ainda oito óbitos em poços, seis em barragens e três em piscinas domésticas.
Em 2021, também entre janeiro e julho, tinham sido registadas 62 mortes; 57 em 2020 e 2019; 66 em 2018 e 71 em 2017, de acordo com os dados do comunicado divulgado hoje.
Em 12 de julho, o Observatório do Afogamento tinha divulgado o relatório relativo ao primeiro semestre, revelando que as vítimas são sobretudo homens (72,1%) e as fatalidades verificam-se em locais não vigiados (97,15%).
A federação verificou um aumento dos óbitos nas idades mais jovens, até aos 24 anos, e que a maioria das vítimas mortais estava a tomar banho (26,5%), mas que 5,9% encontrava-se a passear junto à água ou a pescar.
* Notícia atualizada às 11h10