Abandonou o cargo de deputado em rutura com Cristas e garante que para mudar o CDS "não basta baralhar e dar de novo". Amigo desde os 18 anos de João Almeida, diz que não confunde amizade "com plasticidade política" e promete levar a candidatura do "Juntos pelo Futuro" até ao fim.
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Diz que dá "o peito às balas num momento difícil da vida do partido". É candidato à liderança do CDS "por um caminho de mudança", depois de, no último congresso do partido, em Lamego, ter anunciado que abandonaria o lugar de deputado, ainda que garantisse na mesma intervenção, que, entre centristas, "ninguém atira a toalha ao chão". Filipe Lobo d´Ávila está na corrida contra o amigo de longa data e padrinho de casamento - João Almeida -, mas... amigos, amigos, "partidarites" à parte.
"Nós crescemos juntos. É evidente que somos amigos e continuaremos a ser amigos, mas eu tenho dito que não podemos misturar relações de amizade que queremos preservar com aquilo que são trajetos políticos, ou confundir amizade com plasticidade política. E isso não é o meu forte", garante.
Filiado no CDS desde os 18 anos, aos 45, Filipe Lobo d'Ávila quer levar o desafio de mudar o partido até ao fim: "A minha moção vai a votos por aquilo que defendi, por um caminho de mudança, porque acho que não basta baralhar e dar de novo ou pôr um presidente diferente e manter tudo igual, porque o partido não sobreviveria." Rejeitando "arranjinhos de última hora", mostra-se desprendido em relação ao resultado da disputa interna no congresso do partido do próximo fim de semana. "Propus-me fazer esse caminho. Se o partido quiser vir, fantástico. Cá estaremos para assumir o que for necessário. Se o partido não quiser vir, tranquilo. No dia seguinte, sei onde estarei a trabalhar e pelo menos ficarei de consciência tranquila de, num momento difícil da vida do partido, ter dito "sim" e de ter dado a cara", afirma.
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Casado e pai de três filhos, o advogado foi secretário de Estado da Administração Interna e deputado em três legislaturas, na última das quais saiu em rutura com a direção de Assunção Cristas. "Eu bato a asa quando é preciso", brinca, acrescentando: "Naquele momento senti que não estava ali a fazer nada e achei que era preciso seguir a minha vida, sem pensar se regressava ou não ao Parlamento ou se voltava à política sequer." Assume-se como um "homem livre e de convicções" e, apesar da longa ligação ao CDS, rejeita o rótulo de animal político. "Não sou um homem da máquina (do partido). Gosto de política, tive intervenção política estes anos todos, desempenhei várias funções. Agora, na perspetiva de animal político controleiro, não!", assevera.
Quando o tempo não é de campanha interna, joga ténis duas vezes por semana no Estádio do Jamor - é o número 8 do ranking de mais 35 - e sempre que pode vê futebol, de preferência no estádio, do clube do coração: o Futebol Clube do Porto. "Com muito orgulho", refere.
Homem de várias paixões, confessa que estar entre tachos e panelas não é com ele. "Não!" exclama, entre risos. "Não contem comigo para aparecer a cozinhar onde quer que seja, em qualquer programa", ironiza, divertido. "Não me ofereço para fazer arroz de atum ou outro tipo de cozinhado a ninguém, porque passariam muito mal com os meus cozinhados..."